Como Fazer a Especialidade de Astronomia – avançado – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Ter a especialidadeAstronomia.
- Como se explicam os movimentos aparentemente diários das estrelas?
- Dê o significado dos seguintes termos: planeta, satélite, cometa, meteoro, nebulosa, estrela fixa e mancha solar?
- O que significam os termos: esfera celeste, pólo celeste, equador celeste, horizonte, ascensão reta, declinação, trânsito, conjunção e eclíptica?
- Explicar as principais diferenças entre os telescópios refratores e refletores. Descreva a montagem de um telescópio equatorial.
- Em que cores se decompõe a luz do sol quando passa por um prisma? De que forma as cores das estrelas são usadas para indicar suas temperaturas?
- Qual a relaçãoentre a eclíptica e os equinócios vernais e outonais ? Quais datas são, normalmente, associadas aos equinócios ?
- Aprender e apontar as constelações símbolos da primavera e do outono no hemisfério Sul.
- Nomear e apontar no céu, as constelações que podem ser vistas a noite toda numa noite clara, no hemisfério sul.
- Dar o nome de cinco constelações que são visíveis entre o pôr-do-sol e meia-noite, no hemisfério sul, durante:
- Meses de verão (Dezembro a Março):
- Meses de inverno (Junho a Setembro):
- Em qual época do ano a constelação de Orion pode ser melhor vista? Dar o nome e localizar no céu, as três estrelas mais brilhantes desta constelação.
- Como as letras do alfabeto grego são usadas para dar nome às estrelas de uma constelação? Dê 5 exemplos do uso de letras do alfabeto grego para nomear estrelas.
- Localizar, à medida em que aparecem durante o ano, as 15 estrelas de primeira magnitude.
- Com o uso de um diagrama, demonstrar as posições relativas da Terra e Lua durante as marés alta e baixa.
- Sobre os planetas do sistema solar, responda:
- Dê 2 características peculiares de cada um dos planetas desse sistema.
- Quais desses planetas não podem ser vistos sem a ajuda de um telescópio?
- 2 desses planetas são vistos perto do amanhecer ou perto do anoitecer. Que planetas são esses?
- Construir um relógio solar e saber ver as horas através dele.
- Onde e de que maneira a Bíblia refere-se a Órion às Plêiades e a Arcturo ?
- Debater a declaração feita em Primeiros Escritos, pág. 41, a respeito da abertura de Órion.
Aprendendo sobre a Especialidade de Astronomia – avançado
Aprofunde seus conhecimentos do cosmos com a Especialidade de Astronomia – avançado! Este guia prático ajuda desbravadores a dominar o céu noturno, desde a operação de telescópios até a identificação de galáxias e a compreensão de fenômenos celestes complexos.
Como fazer a Especialidade de Astronomia – avançado
Para iniciar a jornada pela Especialidade de Astronomia – avançado, é fundamental já possuir a especialidade de Astronomia. Este pré-requisito garante que o desbravador tenha a base necessária para mergulhar em conceitos mais profundos e desafiadores do universo.
O Balé Diário das Estrelas
O movimento aparente que observamos nas estrelas, que parecem nascer no leste e se pôr no oeste, é uma ilusão causada pela rotação da Terra. Nosso planeta gira em torno de seu próprio eixo de oeste para leste, completando uma volta a cada 24 horas. É esse giro que nos faz perceber o céu como se estivesse se movendo sobre nós. As estrelas próximas aos polos celestes, como as que formam o Cruzeiro do Sul, são chamadas de circumpolares, pois parecem girar em torno de um ponto e nunca se escondem abaixo do horizonte.
Desvendando o Vocabulário do Cosmos
Para navegar pelo universo, é preciso conhecer seus componentes e as ferramentas para mapeá-lo. Dominar os termos a seguir é um passo essencial para cumprir os requisitos desta especialidade.
Objetos Celestes Fundamentais
- Planeta: Corpo celeste que orbita uma estrela, é grande o suficiente para ser redondo por sua própria gravidade e limpou sua órbita de outros objetos.
- Satélite: Objeto que orbita um planeta. Pode ser natural, como a nossa Lua, ou artificial.
- Cometa: Corpo feito de gelo, poeira e rocha que, ao se aproximar do Sol, desenvolve uma atmosfera brilhante (coma) e caudas.
- Meteoro: O rastro de luz, conhecido como “estrela cadente”, criado quando um fragmento espacial (meteoroide) queima ao entrar na atmosfera terrestre.
- Nebulosa: Uma imensa nuvem de gás e poeira no espaço. Nebulosas são frequentemente berçários de novas estrelas ou restos de estrelas que morreram.
- Estrela Fixa: Termo antigo para as estrelas que formam as constelações. Hoje, sabemos que todas se movem, mas sua distância imensa torna esse movimento imperceptível para nós.
- Mancha Solar: Área temporariamente mais escura e fria na superfície do Sol, causada por intensa atividade magnética.
Coordenadas e Fenômenos Celestes
- Esfera Celeste: Modelo imaginário de uma esfera gigante com a Terra no centro, onde todos os objetos celestes parecem estar fixados.
- Pólo Celeste: Pontos na esfera celeste diretamente acima dos polos Norte e Sul da Terra.
- Equador Celeste: A projeção do equador da Terra na esfera celeste.
- Horizonte: A linha onde o céu parece encontrar a Terra.
- Ascensão Reta (AR): Equivalente à longitude na Terra, usada para localizar objetos no céu.
- Declinação (Dec): Equivalente à latitude, mede a posição de um objeto ao norte ou sul do equador celeste.
- Trânsito: A passagem de um corpo celeste menor na frente de um maior, como Mercúrio ou Vênus passando na frente do Sol.
- Conjunção: Alinhamento aparente de dois ou mais corpos celestes no céu, vistos da Terra.
- Eclíptica: O caminho aparente do Sol na esfera celeste ao longo de um ano. As constelações do Zodíaco ficam neste caminho.
As Ferramentas do Astrônomo: Telescópios e Montagens
A principal diferença entre telescópios está em como eles captam a luz. Os refratores usam lentes para dobrar a luz, oferecendo imagens nítidas e de alto contraste, ótimas para planetas e a Lua. Já os refletores usam espelhos para coletar e focar a luz, permitindo aberturas maiores a um custo menor, o que os torna ideais para observar objetos de céu profundo, como galáxias e nebulosas.
A montagem equatorial é projetada para anular o efeito da rotação da Terra, facilitando o acompanhamento de astros. Para montá-la corretamente, siga estes passos:
- Nivele o tripé e aponte uma de suas pernas para o polo celeste do seu hemisfério (Sul, no Brasil).
- Incline o eixo polar da montagem de acordo com a latitude do seu local de observação. Isso o alinha com o eixo de rotação da Terra.
- Instale o telescópio e os contrapesos, garantindo que tudo esteja balanceado para um movimento suave.
- Após localizar um objeto, basta girar o telescópio no eixo de Ascensão Reta para acompanhá-lo perfeitamente no céu.
As Cores que Revelam Segredos Estelares
Quando a luz do Sol passa por um prisma, ela se decompõe no espectro de cores visíveis: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. Esse fenômeno, chamado dispersão, é uma ferramenta poderosa na astronomia. A cor de uma estrela indica diretamente sua temperatura superficial, de uma forma um pouco contra-intuitiva.
- Estrelas Vermelhas: São as mais “frias”, com temperaturas de cerca de 3.000 Kelvin.
- Estrelas Amarelas: Como o nosso Sol, possuem temperaturas intermediárias, em torno de 6.000 Kelvin.
- Estrelas Brancas e Azuis: São as mais quentes, podendo ultrapassar 25.000 Kelvin.
O Calendário Cósmico: Eclíptica e as Estações
A eclíptica (o caminho do Sol no céu) e o equador celeste (a projeção do equador da Terra) são inclinados um em relação ao outro. Os equinócios são os dois pontos onde esses caminhos se cruzam. Quando o Sol atinge um desses pontos, o dia e a noite têm durações quase iguais em todo o planeta, marcando a mudança das estações.
No Hemisfério Sul, as datas associadas são:
- Equinócio de Outono: Ocorre por volta de 20 ou 21 de março.
- Equinócio de Primavera (Vernal): Acontece por volta de 22 ou 23 de setembro.
Navegando pelo Céu do Hemisfério Sul
Conhecer as constelações é como ter um mapa do céu. Algumas delas são visíveis durante toda a noite e em qualquer época do ano. Para observadores no Hemisfério Sul, essas constelações circumpolares são essenciais para a navegação celeste. As principais são Cruzeiro do Sul (Crux), Centauro (Centaurus), Carina (a Quilha), Triângulo Austral e Musca (a Mosca).
Constelações Símbolo da Primavera e Outono
Cada estação tem suas constelações de destaque. Na primavera do Hemisfério Sul, a constelação símbolo é Pégaso (Pegasus), facilmente identificada pelo seu grande asterismo, o “Quadrado de Pégaso”. No outono, embora Leão seja um símbolo clássico, as constelações de Cruzeiro do Sul, Centauro e Carina dominam o céu e são referências indispensáveis para qualquer observador.
As Estrelas do Verão e do Inverno
A visibilidade das constelações muda com o ano. Entre o pôr do sol e a meia-noite, os desbravadores podem observar grupos específicos de estrelas.
- Nos meses de verão (Dezembro a Março): Procure por Órion (com as Três Marias), Cão Maior (com Sirius, a estrela mais brilhante), Touro (com a estrela Aldebaran), Carina e Gêmeos.
- Nos meses de inverno (Junho a Setembro): O céu é dominado por Escorpião (com a estrela Antares), Sagitário (na direção do centro da Via Láctea), Cruzeiro do Sul e Centauro, que estão em posição privilegiada.
Órion: O Gigante do Céu de Verão
A constelação de Órion é a grande marca do verão no Hemisfério Sul, sendo melhor observada nas noites de dezembro a fevereiro. Suas três estrelas mais brilhantes, que formam o corpo do caçador, são fáceis de localizar. Completar este requisito da Especialidade de Astronomia – avançado envolve saber apontá-las.
- Rigel (Beta Orionis): A mais brilhante, uma supergigante azul-branca que representa o pé esquerdo de Órion.
- Betelgeuse (Alpha Orionis): A segunda mais brilhante, uma supergigante vermelha que marca o ombro direito. Sua cor é notável a olho nu.
- Bellatrix (Gamma Orionis): A terceira mais brilhante, uma estrela gigante azul-branca no ombro esquerdo.
Como as Estrelas Recebem Seus Nomes?
O sistema de Designação de Bayer usa letras gregas para nomear as estrelas de uma constelação. Geralmente, a estrela mais brilhante recebe a letra Alfa (α), a segunda, Beta (β), e assim por diante, seguida do nome da constelação em latim. Embora existam exceções, é um sistema muito útil.
- Alpha Centauri (α Cen): A estrela mais brilhante da constelação de Centauro.
- Beta Orionis (β Ori): Nome oficial de Rigel, a estrela mais brilhante de Órion.
- Gamma Crucis (γ Cru): Nome da estrela Gacrux, no topo do Cruzeiro do Sul.
- Alpha Scorpii (α Sco): Nome oficial de Antares, a estrela mais brilhante de Escorpião.
- Alpha Canis Majoris (α CMa): Nome oficial de Sirius, a estrela mais brilhante do céu.
Identificando as Estrelas Mais Brilhantes do Ano
As estrelas de primeira magnitude são as mais brilhantes que podemos ver. Localizá-las ao longo do ano é um desafio gratificante. Use um aplicativo de mapa estelar para ajudar a encontrá-las em suas respectivas estações.
- Verão: Sirius, Canopus, Rigel, Procyon, Betelgeuse, Aldebaran, Achernar.
- Outono: Alpha Centauri, Beta Centauri (Hadar), Acrux, Spica, Arcturus.
- Inverno: Antares, Vega, Altair.
A Dança Gravitacional: Terra, Lua e as Marés
As marés são causadas principalmente pela atração gravitacional da Lua. A Lua puxa a água do lado da Terra mais próximo a ela, criando uma maré alta. Simultaneamente, uma segunda maré alta ocorre no lado oposto do planeta. Nas áreas entre essas duas marés altas, o nível da água desce, causando a maré baixa. A posição do Sol também influencia.
- Marés de Sizígia (Marés Vivas): Na Lua Nova e Cheia, Sol e Lua se alinham, somando suas forças e criando marés altas mais altas e baixas mais baixas.
- Marés de Quadratura (Marés Mortas): No Quarto Crescente e Minguante, Sol e Lua formam um ângulo de 90 graus, e suas forças se contrapõem, resultando em menor variação entre as marés.
Conhecendo Nossos Vizinhos: Os Planetas do Sistema Solar
Explorar o Sistema Solar revela um universo de mundos fascinantes, cada um com características únicas. Conhecer os planetas é parte essencial da Especialidade de Astronomia – avançado.
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Características peculiares de cada planeta:
- Mercúrio: Possui a maior variação de temperatura e é o menor planeta.
- Vênus: Gira ao contrário (rotação retrógrada) e seu dia é mais longo que seu ano.
- Terra: Único planeta conhecido com água líquida em abundância e vida.
- Marte: Conhecido como “Planeta Vermelho”, abriga a maior montanha vulcânica do sistema, o Monte Olimpo.
- Júpiter: O maior planeta, com sua icônica “Grande Mancha Vermelha”, uma tempestade gigante.
- Saturno: Famoso por seus anéis de gelo e rocha e uma tempestade hexagonal no polo norte.
- Urano: Gira “deitado”, com seu eixo de rotação inclinado quase 98 graus.
- Netuno: O planeta com os ventos mais rápidos, que ultrapassam 2.000 km/h.
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Planetas que exigem um telescópio para serem vistos:
Urano e Netuno são muito distantes e, por isso, não são brilhantes o suficiente para serem vistos a olho nu.
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Planetas visíveis ao amanhecer ou anoitecer:
Mercúrio e Vênus. Como suas órbitas são internas à da Terra, eles sempre aparecem próximos ao Sol no nosso céu, seja como a “estrela da manhã” ou a “estrela da tarde”.
Construindo seu Próprio Relógio Solar
Construir um relógio solar é uma forma prática de entender o movimento da Terra. Siga os passos para criar um modelo equatorial simples.
Construção
- Use um pedaço de papelão ou madeira como base.
- Desenhe um semicírculo e marque as horas. Cada hora deve ter um ângulo de 15 graus em relação à anterior.
- Use um palito ou lápis como gnômon (ponteiro).
- Fixe o gnômon no centro, inclinado em um ângulo igual à latitude do seu local. Ele não deve ficar a 90 graus da base.
Leitura das Horas
- Em um local ensolarado, use uma bússola para alinhar o relógio. O gnômon deve apontar para o Polo Sul Celeste.
- A sombra projetada pelo gnômon sobre as marcações indicará a hora solar local.
- Lembre-se que a hora solar pode ser diferente da hora do relógio de pulso devido a fusos horários e horário de verão.
Astronomia, Fé e Inspiração
A observação dos céus sempre inspirou reflexões sobre o Criador. A Bíblia e os escritos de Ellen G. White fazem referências diretas a objetos celestes, conectando a ciência com a fé.
Referências Bíblicas ao Céu
A Bíblia menciona constelações para exaltar o poder de Deus como Criador do universo.
- Jó 9:9: “Ele é o que fez a Ursa, o Órion, e as Plêiades, e as recâmaras do sul.”
- Jó 38:31-32: Deus questiona Jó sobre seu poder de controlar as constelações, demonstrando Sua soberania. “Ou poderás tu ajuntar as delícias das Plêiades, ou soltar os cordéis do Órion?”
- Amós 5:8: O profeta usa a criação de Órion e das Plêiades como um chamado para buscar o Deus verdadeiro que governa o cosmos.
O Debate sobre a Abertura em Órion
No livro “Primeiros Escritos”, pág. 41, Ellen G. White descreve uma visão da segunda vinda de Cristo, mencionando um “espaço aberto em Órion”. É crucial debater esta passagem com a perspectiva correta.
- Natureza da Declaração: Trata-se de uma visão profética, com linguagem simbólica, e não uma afirmação de astronomia científica.
- O “Espaço Aberto”: Muitos interpretam esta referência como sendo a Nebulosa de Órion (M42), uma vasta região de formação estelar que parece uma “abertura” no céu.
- Significado Teológico: O foco é a majestade de Deus, que usa um dos objetos mais belos do céu como cenário para um evento cósmico de redenção. A passagem conecta a criação à esperança da segunda vinda.