Como Fazer a Especialidade de Animais Peçonhentos – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- O que são animais peçonhentos?
- Descobrir a quantidade de acidentes causados por animais peçonhentos em seu país ou região no último ano (caso esse dado não esteja disponível, pegar o último ano disponível).
- Escolher e apresentar as seguintes características de 2 animais peçonhentos:
- Habitat
- Alimentação
- Danos causados aos seres humanos
- Forma de prevenção
- Citar, pelo menos, três animais peçonhentos em cada uma das Classes abaixo:
- Répteis
- Insetos
- Aracnídeos
- Saber como os animais peçonhentos são importantes para o equilíbrio do ecossistema.
- Aprender 4 maneiras de se proteger contra animais peçonhentos que são encontrados em casas, empresas ou acampamentos.
- Os animais peçonhentos geralmente atacam por maldade ou por defesa?
- Aprender os primeiros socorros que devem ser prestados às vítimas de picadas de animais peçonhentos.
- O que é soroterapia?
- Saber para qual picada de animal serve cada tipo de soro abaixo:
- Antibotrópico
- Anticrotálico
- Antibotrópico-laquético
- Antilapídico
- Antiaracnídico
- Antiescorpiônico
- Antilonomia
- Realizar, pelo menos, 1 das atividades abaixo: b. Com a orientação do seu líder, identificar, no mínimo, 10 animais peçonhentos e apresentar uma relação com: nome científico, nome popular, foto e local de origem.
- Descobrir, no mínimo, 2 animais peçonhentos citados na Bíblia.
Aprendendo sobre a Especialidade de Animais Peçonhentos
Concluir a Especialidade de Animais Peçonhentos prepara o desbravador para agir com segurança e conhecimento em situações de risco. Este guia prático aborda desde a identificação e prevenção até os primeiros socorros corretos, habilidades essenciais para qualquer aventureiro.
Como fazer a Especialidade de Animais Peçonhentos
Entendendo a Diferença: Animais Peçonhentos vs. Venenosos
Para começar a jornada na Especialidade de Animais Peçonhentos, é fundamental entender uma distinção crucial. Animais peçonhentos são aqueles que, além de produzirem veneno, possuem uma estrutura especializada para injetá-lo ativamente. Pense em dentes ocos de serpentes, ferrões de abelhas ou aguilhões de escorpiões. Essa é a característica que os define.
Por outro lado, animais venenosos também produzem toxinas, mas não têm um aparelho inoculador. O envenenamento por eles ocorre de forma passiva, seja por contato, compressão (como em alguns sapos) ou ingestão (como o peixe baiacu). Uma regra simples ajuda a lembrar: todo animal peçonhento é venenoso, mas nem todo animal venenoso é peçonhento.
O Cenário dos Acidentes com Animais Peçonhentos no Brasil
Os acidentes envolvendo animais peçonhentos são um sério problema de saúde pública no Brasil, com notificação compulsória. Anualmente, o país registra cerca de 140 mil acidentes com serpentes, aranhas, escorpiões e outros animais. Um levantamento realizado entre 2010 e 2019 contabilizou mais de 2,4 milhões de casos, com a região Nordeste apresentando a maior taxa de mortalidade.
O aumento da presença desses animais em áreas urbanas está ligado a fatores como desmatamento, queimadas e o acúmulo inadequado de lixo e entulho. Esses detritos servem de abrigo e atraem suas presas naturais, como baratas e roedores, aproximando o perigo das residências.
Estudo de Caso: Conhecendo a Fundo Dois Animais
Um dos requisitos da especialidade é aprofundar o conhecimento sobre espécies específicas. A seguir, detalhamos dois exemplos comuns no Brasil.
Jararaca (Gênero Bothrops)
- Habitat: Encontrada em toda a América do Sul, habita campos, cerrados e florestas. Adapta-se com facilidade a ambientes modificados pelo homem, como pastagens, áreas de cultivo e periferias urbanas.
- Alimentação: Sua dieta inclui principalmente pequenos mamíferos, como roedores, além de aves, lagartos e outras serpentes.
- Danos aos seres humanos: A picada causa dor intensa, inchaço e vermelhidão, podendo evoluir para bolhas, hemorragia e necrose tecidual. Seu veneno tem ação proteolítica (destrói tecidos), coagulante e hemorrágica, exigindo tratamento rápido com soro específico para evitar complicações graves como insuficiência renal.
- Forma de prevenção: Utilizar botas de cano alto e luvas de couro em áreas de mata ou ao manusear entulhos. Manter quintais limpos, sem acúmulo de lixo ou materiais de construção, e nunca colocar as mãos em buracos ou frestas sem proteção.
Aranha-Marrom (Gênero Loxosceles)
- Habitat: De hábitos noturnos e pouco agressiva, vive em locais escuros e secos. Dentro de casa, esconde-se atrás de móveis, quadros, cortinas e, principalmente, dentro de roupas e sapatos guardados.
- Alimentação: Caça ativamente pequenos insetos. Sua teia é irregular e não serve como armadilha.
- Danos aos seres humanos: A picada é frequentemente indolor no momento do acidente. Os sintomas, como dor, queimação e inchaço, surgem horas depois. A principal complicação é o loxoscelismo cutâneo, uma ferida de difícil cicatrização que pode evoluir para necrose. Em casos raros, pode causar problemas sistêmicos graves.
- Forma de prevenção: Manter a casa e o quintal limpos. Vedar frestas em paredes e assoalhos. A medida mais importante é sacudir vigorosamente roupas e sapatos antes de usá-los.
Classificação dos Animais Peçonhentos
Os animais peçonhentos estão distribuídos em diferentes classes do reino animal. Conhecer alguns exemplos ajuda a entender a diversidade e a cumprir os requisitos da especialidade.
- Répteis:
- Cobra-coral-verdadeira (Micrurus corallinus)
- Cascavel (Crotalus durissus)
- Jararaca (Bothrops jararaca)
- Insetos:
- Abelha (Apis mellifera)
- Vespa (Vespidae)
- Lagarta-de-fogo (Lonomia obliqua)
- Aracnídeos:
- Aranha-armadeira (Phoneutria)
- Aranha-marrom (Loxosceles)
- Escorpião-amarelo (Tityus serrulatus)
A Importância Ecológica dos Animais Peçonhentos
Apesar do temor que inspiram, os animais peçonhentos são vitais para o equilíbrio do ecossistema. Eles atuam como controladores biológicos, regulando a população de outras espécies. Serpentes, por exemplo, são predadoras eficientes de roedores, que são pragas agrícolas e transmissores de doenças. Aranhas e escorpiões controlam a população de insetos.
Além disso, seus venenos são fontes ricas para a bioprospecção, a busca por novas moléculas com potencial farmacêutico. Muitas toxinas já deram origem a medicamentos importantes para tratar diversas condições de saúde, mostrando que até as criaturas mais temidas têm um papel valioso na natureza e para a humanidade.
Estratégias de Proteção e Prevenção
A prevenção é a melhor ferramenta para evitar acidentes. Adotar hábitos seguros em casa, no trabalho ou em acampamentos é essencial para a Especialidade de Animais Peçonhentos.
- Inspeção de Roupas e Calçados: Sempre sacuda e verifique o interior de sapatos, botas e roupas antes de vestir. Aranhas e escorpiões adoram esses esconderijos.
- Manutenção e Limpeza de Áreas: Mantenha quintais e terrenos com grama aparada e livres de entulho, lixo e folhas secas. Em acampamentos, mantenha a barraca fechada e inspecione sacos de dormir.
- Vedação e Proteção: Afaste camas e berços das paredes. Mantenha ralos de banheiros e cozinhas fechados quando não estiverem em uso para bloquear a entrada de escorpiões.
- Uso de Equipamentos de Proteção (EPI): Em trilhas ou trabalhos rurais, use sempre botas de cano alto, perneiras e luvas de couro para proteger as áreas mais vulneráveis a picadas.
Ataque ou Defesa? Compreendendo o Comportamento
É um erro comum pensar que animais peçonhentos atacam por maldade. Na realidade, eles usam o veneno para duas finalidades principais: caçar e se defender. Os acidentes com humanos são, quase na totalidade, reações de defesa. Ocorrem quando o animal se sente ameaçado, encurralado ou é tocado ou pisado acidentalmente. O ataque é um instinto de sobrevivência para neutralizar o que ele percebe como uma ameaça.
Primeiros Socorros: O que Fazer (e o que NÃO Fazer)
Saber como agir após uma picada pode salvar uma vida. A calma e a ação correta são determinantes para o sucesso do tratamento.
Ações Corretas em Caso de Picada
- Mantenha a vítima calma e em repouso para retardar a absorção do veneno.
- Lave o local da picada apenas com água e sabão.
- Eleve o membro atingido.
- Retire anéis, pulseiras e sapatos apertados, pois o local irá inchar.
- Leve a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo.
- Se for possível e seguro, fotografe o animal para ajudar na identificação.
Ações a Serem Evitadas
- NÃO faça torniquete ou garrote. Isso pode causar necrose e levar à amputação.
- NÃO corte, fure ou esprema o local da picada.
- NÃO tente sugar o veneno com a boca.
- NÃO aplique pó de café, folhas, terra ou qualquer produto caseiro no ferimento.
- NÃO ofereça bebidas alcoólicas ou outras substâncias à vítima.
O que é Soroterapia e Como Funciona?
A soroterapia é o tratamento padrão ouro para picadas de animais peçonhentos. Consiste na administração de soros antiveneno, que são produzidos a partir de anticorpos específicos. O processo começa com a imunização de animais de grande porte, como cavalos, com doses controladas e não letais do veneno. O sistema imunológico do animal produz grandes quantidades de anticorpos contra as toxinas.
Esses anticorpos são então coletados do plasma sanguíneo, purificados e concentrados, resultando no soro. Quando administrado a uma pessoa picada, o soro age neutralizando o veneno que circula no corpo, impedindo sua ação destrutiva. É o único tratamento eficaz e deve ser administrado em ambiente hospitalar.
Guia de Soros Antiveneno: Para Cada Picada, um Tratamento
Saber qual soro é usado para cada tipo de acidente é uma parte importante da Especialidade de Animais Peçonhentos. Cada soro é específico para neutralizar um tipo de veneno.
- Antibotrópico: Usado para picadas de serpentes do gênero Bothrops (jararaca, urutu, caiçaca).
- Anticrotálico: Específico para picadas de cascavéis (gênero Crotalus).
- Antibotrópico-laquético: Utilizado para acidentes com jararacas (Bothrops) e surucucus (Lachesis).
- Antilapídico: Indicado para picadas de corais-verdadeiras (gênero Micrurus).
- Antiaracnídico: Para picadas de aranhas-marrons (Loxosceles), aranhas-armadeiras (Phoneutria) e escorpiões do gênero Tityus.
- Antiescorpiônico: Específico para picadas de escorpiões do gênero Tityus.
- Antilonomia: Usado em acidentes com a lagarta taturana (Lonomia obliqua).
Atividade Prática: Identificando Animais Peçonhentos
Para completar um dos requisitos práticos, você deve identificar 10 animais peçonhentos com a ajuda de seu líder. A lista abaixo serve como base para sua pesquisa, que deve ser completada com fotos.
- Nome popular: Jararaca-ilhoa
- Nome científico: Bothrops insularis
- Local de origem: Ilha da Queimada Grande, São Paulo, Brasil.
- Nome popular: Cascavel
- Nome científico: Crotalus durissus
- Local de origem: Américas (do México à Argentina).
- Nome popular: Surucucu-pico-de-jaca
- Nome científico: Lachesis muta
- Local de origem: Florestas tropicais da América do Sul.
- Nome popular: Cobra-coral-verdadeira
- Nome científico: Micrurus corallinus
- Local de origem: América do Sul (Brasil, Argentina, Paraguai).
- Nome popular: Aranha-armadeira
- Nome científico: Phoneutria nigriventer
- Local de origem: América do Sul, especialmente Brasil.
- Nome popular: Aranha-marrom
- Nome científico: Loxosceles gaucho
- Local de origem: América do Sul.
- Nome popular: Viúva-negra
- Nome científico: Latrodectus curacaviensis
- Local de origem: Américas.
- Nome popular: Escorpião-amarelo
- Nome científico: Tityus serrulatus
- Local de origem: Brasil.
- Nome popular: Taturana-oblíqua
- Nome científico: Lonomia obliqua
- Local de origem: Sul e Sudeste do Brasil.
- Nome popular: Arraia de água doce
- Nome científico: Potamotrygon motoro
- Local de origem: Bacias amazônica e do Prata.
Animais Peçonhentos na Bíblia
A Bíblia frequentemente utiliza animais peçonhentos como símbolos de perigo, juízo ou forças do mal. Conhecer essas referências é um dos requisitos culturais da especialidade.
- Serpentes: São os animais peçonhentos mais citados. Em Números 21:4-9, Deus envia “serpentes ardentes” para punir os israelitas. A cura veio ao olhar para uma serpente de bronze erguida por Moisés, um símbolo que aponta para a salvação em Cristo.
- Escorpiões: Em Lucas 10:19, Jesus dá autoridade a seus discípulos para “pisar em serpentes e escorpiões”, simbolizando o poder sobre o mal. Eles também aparecem em Apocalipse 9, onde seu poder de atormentar é usado como uma metáfora para o sofrimento.