Atividades Recreativas

Como Fazer a Especialidade de Vida Silvestre – Desbravadores

Especialidade de Vida Silvestre

REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:

  1. Participar de, pelo menos, dois acampamentos, com no mínimo dois pernoites cada, durante os quais possa praticar as habilidades necessárias para esta especialidade.
  2. Mencionar cinco coisas que devem ser feitas quando se está perdido numa floresta. Conhecer trés métodos de identificar os pontos cardeais sem o uso de uma bússola.
  3. Demonstrar três maneiras de purificar água para beber.
  4. Conhecer três formas de encontrar água na floresta e demonstrar dois desses métodos.
  5. Demonstrar pelo menos dois métodos de:
    1. Avaliar a altura de uma árvore
    2. Avaliar a largura de um riacho
  6. Identificar, em meio à natureza, as pegadas de quatro animais ou pássaros silvestres.
  7. Usando uma bússola, seguir um percurso previamente montado pelo instrutor, com no mínimo três azimutes e mais de 1200 metros, com margem de erro de no máximo 5% da distância do percurso (por exemplo: para um percurso de 1200 metros, margem de erro de 60 metros).
  8. Identificar, preparar e comer dez variedades de plantas silvestres.
  9. Ter um estojo pessoal de sobrevivência, com 15 itens, e saber usar cada um deles.
  10. Explicar a necessidade de um bom sono, regime alimentar adequado, higiene pessoal e exercício apropriado.
  11. Ter a especialidade de Primeiros Socorros – Intermediário. Além desta especialidade, conhecer a prevenção, os sintomas e o tratamento de primeiros socorros para o seguinte:
    1. Hipotermia
    2. Mordida de cobra peçonhenta
    3. Insolação
    4. Exaustão
    5. Arbustos venenosos
    6. Feridas ou machucados com infecção
    7. Enjoo provocado por altitude
    8. Desidratação
  12. Demonstrar duas formas de sinalizar pedidos de socorro.
  13. Demonstrar os princípios que devem ser respeitados para se andar silenciosamente e esconder-se, em caso de necessidade.
  14. Explicar como preparar-se e providenciar abrigo nas seguintes condições:
    1. Muita neve
    2. Areas rochosas
    3. Pântanos
    4. Florestas

Aprendendo sobre a Especialidade de Vida Silvestre

Domine a arte da sobrevivência com a Especialidade de Vida Silvestre! Aprenda a encontrar água, construir abrigos, navegar e muito mais. Um guia essencial para desbravadores.

Como fazer a Especialidade de Vida Silvestre

A Especialidade de Vida Silvestre é uma das mais práticas e emocionantes para os desbravadores. Ela não é aprendida apenas nos livros, mas vivenciada no campo. A base para conquistar esta especialidade é a participação ativa em, no mínimo, dois acampamentos. É nessas ocasiões que as habilidades de sobrevivência, orientação e primeiros socorros são testadas e aprimoradas sob a supervisão de líderes experientes.

Orientação e Sobrevivência: O Que Fazer ao se Perder

Encontrar-se perdido em uma floresta pode ser assustador, mas manter a calma é o primeiro passo para a sobrevivência. A melhor estratégia é seguir o acrônimo PARE: Pare, Acalme-se, Reflita e Execute. Tomar decisões racionais economiza energia e aumenta as chances de resgate. Após parar, é fundamental avaliar a situação e adotar medidas que garantam sua segurança e bem-estar.

  1. Permanecer no Local: Evite andar sem rumo. Se precisar se mover, deixe rastros claros para não andar em círculos e para que as equipes de busca possam encontrá-lo.
  2. Procurar Abrigo: Construir ou encontrar um abrigo é vital para se proteger dos elementos como chuva, vento e sol, além de animais.
  3. Sinalizar por Socorro: Use métodos visuais e sonoros para chamar a atenção. Uma fogueira, espelho ou apito são excelentes ferramentas.
  4. Encontrar Água: A hidratação é prioritária. Procure por fontes de água seguindo a vegetação ou descendo para áreas mais baixas do terreno.
  5. Manter a Calma: O controle emocional é a ferramenta mais importante. O pânico leva a decisões ruins e ao esgotamento de energia.

Navegação Sem Bússola

Saber se orientar sem equipamentos modernos é uma habilidade crucial na Especialidade de Vida Silvestre. Existem métodos clássicos e eficazes para encontrar os pontos cardeais.

  • Método do Sol e da Vareta: Finque uma vareta no chão e marque a ponta da sombra. Espere 15-20 minutos e marque a nova posição. A linha entre as duas marcas aponta para Leste-Oeste (a primeira marca é Oeste).
  • Método do Relógio Analógico: No Hemisfério Sul, aponte o número 12 para o Sol. A linha que divide ao meio o ângulo entre o ponteiro das horas e o 12 indicará o Norte.
  • Cruzeiro do Sul (Hemisfério Sul): À noite, prolongue o braço maior da cruz 4,5 vezes. Desse ponto imaginário, desça uma linha reta até o horizonte para encontrar o Sul.

Hidratação é Vida: Encontrando e Purificando Água

A água é essencial para a sobrevivência, mas consumir água contaminada pode causar doenças graves. Por isso, a Especialidade de Vida Silvestre ensina tanto a encontrar quanto a purificar a água. Para localizar fontes de água, observe a natureza: vegetação densa e verde, trilhas de animais e o próprio relevo do terreno, que leva a água para pontos mais baixos, são ótimos indicadores. Coletar água da chuva ou do orvalho com um pano limpo também são alternativas viáveis.

Após encontrar a água, a purificação é obrigatória. Existem três métodos principais que todo desbravador deve conhecer:

  • Fervura: É o método mais seguro. Ferver a água vigorosamente por 5 a 10 minutos elimina a maioria dos vírus, bactérias e parasitas.
  • Filtro Caseiro: Construa um filtro com uma garrafa PET, colocando camadas de pano, carvão triturado, areia fina e pedras pequenas. Este processo remove impurezas e sedimentos.
  • Purificação Solar (SODIS): Coloque a água filtrada em garrafas PET transparentes e deixe-as sob o sol forte por pelo menos 6 horas. A radiação UV do sol desinfeta a água.

Medindo a Natureza: Técnicas de Avaliação

Saber estimar distâncias sem ferramentas de medição é uma habilidade útil em diversas situações de acampamento e exploração. A Especialidade de Vida Silvestre exige a demonstração de técnicas para avaliar alturas e larguras.

Calculando a Altura de uma Árvore

  • Método do Graveto: Estique o braço segurando um graveto na vertical. Alinhe a ponta do graveto com o topo da árvore e seu dedo com a base. Gire o graveto 90 graus e peça para um colega andar da base da árvore até o ponto indicado pela ponta. Essa distância é a altura aproximada da árvore.
  • Método da Sombra: Meça sua altura e o comprimento da sua sombra. Depois, meça o comprimento da sombra da árvore. Use uma regra de três para encontrar a altura da árvore.

Estimando a Largura de um Riacho

  • Método do Boné: Na margem, alinhe a aba do seu boné com um ponto fixo na margem oposta. Sem mover a cabeça, gire o corpo e veja onde a aba aponta na sua margem. A distância entre você e esse novo ponto é a largura do riacho.
  • Método do Passo do Napoleão: Escolha um ponto (A) na outra margem. Caminhe uma distância (ex: 30 passos) ao longo da margem até o ponto C. Continue por metade dessa distância (15 passos) até D. Vire 90 graus e se afaste do rio até que C e A se alinhem. A distância de D até este ponto, multiplicada por dois, é a largura do rio.

O Detetive da Floresta: Identificando Pegadas de Animais

Identificar pegadas é uma forma de ler as histórias que a vida silvestre deixa para trás. Para cumprir este requisito da especialidade, procure por rastros em lama, areia ou terra fofa, principalmente perto de fontes de água. É útil levar um guia de campo ou tirar fotos para confirmar a identificação. Fazer um molde de gesso é uma ótima forma de registrar a descoberta.

  • Capivara: Pegada com quatro dedos na frente e três atrás, com membranas entre eles.
  • Onça-parda: Pegada arredondada, sem marcas de garras (que são retráteis) e com uma almofada grande em formato de “M”.
  • Tatu: Deixa um rastro com marcas de garras fortes e, frequentemente, o arrasto da cauda.
  • Quati: Pegada com cinco dedos e marcas de garras longas, usadas para escalar e cavar.
  • Seriema: Pássaro que deixa uma marca com três dedos longos para frente e um pequeno para trás.

Navegação com Precisão: Dominando a Bússola e Azimutes

Este requisito prático testa sua capacidade de navegar com precisão. O instrutor fornecerá um percurso com azimutes (direções em graus) e distâncias. O objetivo é chegar ao destino final com uma margem de erro mínima. O processo é metódico e requer atenção.

  1. Ajustar a Bússola: Gire o anel graduado (limbo) até que o azimute desejado se alinhe com a linha de fé (direção de viagem).
  2. Alinhar com o Norte: Segure a bússola na horizontal e gire seu corpo até que a agulha magnética (vermelha) se alinhe com o ‘N’ do limbo.
  3. Seguir a Direção: Caminhe na direção apontada pela linha de fé, contando seus passos para medir a distância correta.
  4. Repetir o Processo: Ao final de cada trecho, ajuste a bússola para o novo azimute e continue até completar o percurso.

Cardápio Silvestre: Plantas Comestíveis e Seus Cuidados

Atenção: Este requisito deve ser realizado obrigatoriamente com a supervisão de um especialista. A identificação incorreta de plantas silvestres pode causar intoxicações graves ou até fatais. Na dúvida, não coma.

Conhecer Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) é uma habilidade avançada da Especialidade de Vida Silvestre. Muitas plantas precisam de preparo adequado, como cozimento, para neutralizar substâncias tóxicas. Abaixo estão alguns exemplos encontrados no Brasil:

  • Ora-pro-nóbis: Folhas ricas em proteína, ótimas refogadas.
  • Beldroega: Folhas e talos suculentos, podem ser consumidos em saladas.
  • Serralha: Folhas amargas que devem ser refogadas.
  • Taioba: As folhas devem ser sempre cozidas; o consumo cru é tóxico.
  • Azedinha: Folhas com sabor ácido, usadas em saladas e sucos.
  • Capuchinha: Flores e folhas com sabor picante, ideais para saladas.
  • Dente-de-leão: Folhas jovens em saladas e flores para chás.
  • Caruru (Bredo): As folhas devem ser cozidas para eliminar oxalatos.
  • Picão-preto: Folhas jovens podem ser consumidas refogadas.
  • Jambu: Causa uma dormência característica na boca, usado na culinária amazônica.

Seu Kit Essencial de Sobrevivência

Um estojo pessoal de sobrevivência é um conjunto de itens essenciais, compacto e à prova d’água, que pode fazer toda a diferença em uma emergência. O desbravador deve conhecer o uso de cada item do seu kit.

  1. Faca ou Canivete Multiuso: A ferramenta mais versátil.
  2. Pederneira: Para iniciar fogo mesmo molhada.
  3. Isqueiro: Fonte de fogo rápida.
  4. Apito: Para sinalizar socorro sem gastar energia.
  5. Bússola pequena: Para orientação básica.
  6. Lanterna pequena (LED): Iluminação noturna.
  7. Manta Térmica de Emergência: Previne a hipotermia.
  8. Espelho de Sinalização: Para sinalizar para aeronaves.
  9. Purificador de Água (pastilhas): Tratamento químico da água.
  10. Linha de Pesca e Anzóis: Para obter alimento.
  11. Arame fino: Útil para armadilhas e reparos.
  12. Curativos e Antisséptico: Kit básico de primeiros socorros.
  13. Corda ou Cordelete: Para amarrações e abrigos.
  14. Lápis e Papel à prova d’água: Para anotações.
  15. Sacos plásticos resistentes: Para manter itens secos ou coletar água.

A Base da Resistência: Saúde Física e Mental na Natureza

A sobrevivência em ambientes selvagens depende diretamente do cuidado com o corpo e a mente. Negligenciar os pilares da saúde pode levar à exaustão e a erros perigosos.

Bom Sono: É crucial para a recuperação física e mental, restaurando energias e melhorando a capacidade de tomar decisões. Regime Alimentar Adequado: Fornece o combustível para o corpo. Uma dieta rica em carboidratos, proteínas e gorduras previne a fadiga e a hipotermia. Higiene Pessoal: Práticas como lavar as mãos e manter os pés secos previnem infecções e doenças. Exercício Apropriado: Um bom condicionamento físico reduz o risco de lesões e aumenta a resistência para enfrentar os desafios das atividades ao ar livre.

Primeiros Socorros em Ambientes Selvagens

Além de possuir a especialidade de Primeiros Socorros – Intermediário, o desbravador deve saber como prevenir, identificar e tratar problemas comuns em ambientes naturais.

  • Hipotermia:
    Prevenção: Roupas em camadas, proteção contra vento e umidade.
    Sintomas: Tremores, confusão mental, pele pálida e fria.
    Tratamento: Levar para local seco e aquecido, remover roupas molhadas, agasalhar e oferecer bebidas quentes.
  • Mordida de cobra peçonhenta:
    Prevenção: Usar botas e perneiras, ter atenção onde pisa.
    Sintomas: Dor intensa, inchaço, náuseas.
    Tratamento: Manter a vítima calma e deitada, lavar o local, imobilizar o membro e procurar um hospital imediatamente. NÃO faça torniquete ou corte o local.
  • Insolação:
    Prevenção: Evitar sol forte, usar chapéu, hidratar-se.
    Sintomas: Pele quente e seca, dor de cabeça, tontura.
    Tratamento: Levar para local fresco, borrifar água no corpo e aplicar compressas frias.
  • Exaustão:
    Prevenção: Hidratação, alimentação e respeitar os limites do corpo.
    Sintomas: Suor excessivo, pele pálida, cãibras, fadiga.
    Tratamento: Levar para local fresco, deitar com pernas elevadas, oferecer água.
  • Contato com arbustos venenosos:
    Prevenção: Aprender a identificar plantas perigosas e evitar contato.
    Sintomas: Irritação na pele, coceira, bolhas.
    Tratamento: Lavar a área com água e sabão e aplicar compressas frias.
  • Feridas com infecção:
    Prevenção: Limpar e proteger qualquer ferimento.
    Sintomas: Vermelhidão, inchaço, calor, dor e pus.
    Tratamento: Limpar a ferida e procurar ajuda médica, pois pode precisar de antibióticos.
  • Enjoo de altitude:
    Prevenção: Subir lentamente para se aclimatar, hidratar-se bem.
    Sintomas: Dor de cabeça, náuseas, fadiga.
    Tratamento: Descer para uma altitude menor é a medida mais eficaz.
  • Desidratação:
    Prevenção: Beber líquidos regularmente, mesmo sem sede.
    Sintomas: Sede intensa, boca seca, urina escura.
    Tratamento: Re-hidratar com água ou soro caseiro em pequenos goles.

Pedindo Ajuda: Como Sinalizar por Socorro

Saber como chamar a atenção de equipes de resgate é uma das habilidades mais importantes da Especialidade de Vida Silvestre. Os sinais são divididos em visuais e sonoros.

Sinais Visuais

  • Fogueira: Fazer três fogueiras em triângulo é um sinal universal de socorro. Use folhas verdes para criar fumaça escura e visível durante o dia.
  • Espelho: Use um espelho de sinalização ou qualquer objeto refletor para direcionar a luz do sol para aeronaves.
  • Sinais Terra-Ar: Crie um “V” (preciso de ajuda) ou “X” (preciso de ajuda médica) no chão com pedras ou galhos.

Sinais Sonoros

  • Apito: O padrão internacional de socorro é uma sequência de três apitos. O som do apito alcança distâncias maiores que a voz e economiza energia.
  • Pancadas: Bater em um tronco oco em sequências de três também funciona como sinal.

A Arte da Furtividade: Movimento Silencioso e Camuflagem

Mover-se sem ser notado é uma técnica valiosa para observação de animais ou em situações que exijam discrição. Isso envolve tanto o movimento silencioso quanto a camuflagem.

Princípios para Andar em Silêncio

  1. Mova-se devagar e com controle.
  2. Preste atenção onde pisa, evitando galhos secos e folhas soltas.
  3. Use a técnica do calcanhar-ponta, rolando o pé suavemente no chão.
  4. Mantenha o centro de gravidade baixo, andando com os joelhos flexionados.
  5. Aproveite ruídos naturais, como o vento, para mascarar seu som.

Técnicas de Camuflagem e Ocultação

  1. Use cobertura natural como árvores, rochas e moitas.
  2. Evite criar uma silhueta contra o céu ou fundos claros.
  3. Use lama ou carvão para quebrar o contorno do rosto e mãos.
  4. Permaneça imóvel, pois o movimento é facilmente detectado.
  5. Cubra objetos brilhantes que possam refletir a luz.

Construindo seu Abrigo em Diferentes Biomas

A capacidade de construir um abrigo eficaz em diferentes ambientes é fundamental. A preparação sempre envolve roupas adequadas e a escolha de um local seguro, protegido do vento e de perigos como quedas de árvores ou inundações.

  • Muita Neve:
    Preparação: Roupas em camadas e impermeáveis.
    Abrigo: A neve é um ótimo isolante. Cave uma trincheira ou uma caverna de neve (quinzhee), com a entrada mais baixa que a área de dormir e um furo para ventilação.
  • Áreas Rochosas:
    Preparação: Calçados com boa aderência.
    Abrigo: Utilize formações naturais como pequenas cavernas ou saliências. Use pedras para criar uma barreira contra o vento.
  • Pântanos:
    Preparação: Roupas de secagem rápida e repelente.
    Abrigo: O abrigo deve ser elevado para proteção contra água e insetos. Uma plataforma suspensa entre árvores é a melhor opção.
  • Florestas:
    Preparação: Ferramentas de corte e repelente.
    Abrigo: O abrigo de encosto (lean-to) é o mais comum. Apoie galhos em uma viga principal entre duas árvores e cubra a estrutura com uma camada espessa de folhas para impermeabilizar.
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Sobre Fontalis AI

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