Como Fazer a Especialidade de Navegação – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Saber, pelo menos, 20 termos náuticos usados na navegação.
- Cite, pelo menos, três tipos de pedido de socorro em navegação e suas características. Em uma situação de perigo, por quem esses pedidos são feitos?
- Nomeie 6 tipos de bóias, O que eles significam e como são usados? Dê as cores dos que você nomeou. Como as bóias são numeradas? Como fazer as marcações em canais?
- Instalar uma bússola, com oito pontos cardeais. Por que ela é tão importante na navegação? Onde ela deve ficar localizada na embarcação e por quê?
- Cite o nome de 4 dos nós mais utilizados em navegação. Saber como amarrá-los e explicar suas funções.
- Saber ler e interpretar uma carta náutica, saber por que ela é de suma importância quanto à navegação em águas desconhecidas. Cite alguns itens que se pode encontrar na carta, seus símbolos e marcação de bóias.
- Quando estiver no comando de uma navegação, quais são as três regras de segurança para melhor navegar?
- O que significa estar devidamente equipado? Ilustre.
- O que significam as expressões “regras de condução” e “ética marítima”?
Aprendendo sobre a Especialidade de Navegação
Domine os mares e conquiste a Especialidade de Navegação! Aprenda sobre termos náuticos, nós, bússolas e regras de segurança para se tornar um desbravador pronto para qualquer aventura aquática. Este guia prático detalha os requisitos e conhecimentos necessários para navegar com confiança e responsabilidade, transformando você em um verdadeiro capitão.
Como fazer a Especialidade de Navegação
Decifrando o Vocabulário do Mar: Termos Náuticos Essenciais
Para se comunicar de forma eficaz a bordo, é fundamental conhecer a linguagem dos marinheiros. A comunicação clara evita mal-entendidos e garante a segurança de todos. Dominar os termos náuticos é o primeiro passo para cumprir os requisitos da Especialidade de Navegação. Cada parte de uma embarcação e cada ação realizada tem um nome específico.
- Proa e Popa: A parte da frente e a parte de trás da embarcação, respectivamente.
- Bombordo e Boreste: O lado esquerdo e o lado direito do barco, quando se olha da popa para a proa.
- Barlavento e Sotavento: O lado de onde o vento sopra (barlavento) e o lado oposto, para onde o vento vai (sotavento).
- Adriça: Cabo utilizado para içar velas ou bandeiras.
- Âncora e Amarra: A âncora serve para fundear o barco, e a amarra é o cabo ou corrente que a prende à embarcação.
- Leme: Peça submersa na popa que serve para dar direção ao barco.
- Mastro: Estrutura vertical que sustenta as velas.
- Quilha: A “espinha dorsal” do barco, localizada na parte inferior, que oferece estabilidade.
- Convés: A superfície superior da embarcação, o “piso” externo.
- Obras Vivas e Obras Mortas: A parte do casco que fica submersa (vivas) e a parte que fica acima da linha d’água (mortas).
Emergência a Bordo: Como Pedir Socorro no Mar
Em uma situação de perigo, o pedido de socorro deve ser feito pelo comandante ou por qualquer tripulante que identifique a emergência. A rapidez e a clareza da comunicação são vitais. Órgãos como o SALVAMAR, da Marinha do Brasil, coordenam as operações de busca e salvamento. Conhecer os métodos corretos de pedir ajuda é uma parte crucial da Especialidade de Navegação.
- Chamada de Rádio VHF (Canal 16): O método mais comum. A chamada de socorro universal é “MAYDAY”, repetida três vezes. Informe o nome da embarcação, sua posição, a natureza do perigo, o número de pessoas a bordo e a ajuda necessária.
- Sinais Visuais (Pirotécnicos): Usados quando há visibilidade para a costa ou outras embarcações. Incluem foguetes com estrela vermelha, fachos de luz manual vermelha e sinal fumígeno flutuante laranja, que cria uma fumaça densa para localização diurna.
- EPIRB (Emergency Position Indicating Radio Beacon): Um rádio-localizador que, ao ser ativado, transmite um sinal de socorro via satélite com a identificação e a posição GPS da embarcação diretamente para as equipes de resgate.
Navegando com Segurança: O Guia de Bóias e Sinais
As bóias são os sinais de trânsito do mar. Elas indicam os limites de canais seguros, perigos isolados e áreas especiais. O Brasil adota o sistema de balizamento IALA “B”, onde a regra ao retornar do mar para o porto é “vermelho, à direita, retornando”. Entender seu significado é essencial para uma navegação segura e para evitar acidentes.
- Sinal Lateral de Boreste: De cor vermelha e formato cônico, marca o lado direito do canal ao entrar. Deve ser deixada por boreste (à direita).
- Sinal Lateral de Bombordo: De cor verde e formato cilíndrico, marca o lado esquerdo do canal. Deve ser deixada por bombordo (à esquerda).
- Sinal de Perigo Isolado: Preta com faixas horizontais vermelhas. Indica um perigo (como uma rocha) com águas navegáveis ao seu redor.
- Sinal de Águas Seguras: Com faixas verticais vermelhas e brancas. Indica que as águas em volta são seguras, geralmente marcando o meio de um canal.
- Sinal Especial: De cor amarela, indica áreas com características específicas, como cabos submarinos ou zonas de exercícios militares.
- Sinal Cardinal Norte: De cor preta sobre amarela, indica que as águas mais seguras estão ao norte do sinal.
A numeração das bóias laterais é crescente a partir da entrada do canal: as bóias vermelhas (boreste) recebem números ímpares, e as verdes (bombordo) recebem números pares. Seguir essa marcação garante que a embarcação permaneça na área segura e dragada do canal.
O Coração da Navegação: A Importância da Bússola
A bússola, ou agulha, é o instrumento mais fundamental da navegação. Mesmo com a tecnologia do GPS, ela continua sendo indispensável, pois fornece uma referência de direção constante e confiável: o norte magnético. Sua principal importância é permitir que o navegador mantenha o rumo correto, oriente-se em mar aberto ou com baixa visibilidade e sirva como um sistema de segurança essencial caso os eletrônicos falhem.
Para funcionar corretamente, a bússola deve ser instalada na linha de visão do timoneiro, geralmente sobre a coluna de direção, e perfeitamente alinhada com o eixo da embarcação. É crucial mantê-la longe de objetos metálicos, alto-falantes e equipamentos eletrônicos que possam criar interferência magnética e causar erros de leitura perigosos. Uma bússola básica apresenta os oito pontos principais: os cardeais (Norte, Sul, Leste, Oeste) e os colaterais (Nordeste, Sudeste, Sudoeste, Noroeste).
Dominando as Amarras: Nós Essenciais para Navegadores
Saber fazer os nós corretos é uma habilidade prática que garante a segurança da embarcação e da tripulação. Cada nó tem uma função específica, seja para prender o barco, unir cabos ou fixar equipamentos. Para a Especialidade de Navegação, dominar os seguintes nós é um requisito chave.
- Lais de Guia: Conhecido como o “rei dos nós”, cria uma alça fixa que não aperta sob tensão. É extremamente seguro e fácil de desatar, ideal para prender cabos, içar objetos ou em situações de resgate.
- Volta do Fiel: Perfeito para prender um cabo a um objeto cilíndrico, como um corrimão ou mastro. É o nó mais usado para amarrar as defensas (os “para-choques” do barco).
- Nó Direito: Sua função é unir as pontas de dois cabos de mesmo diâmetro. É um nó simples e eficaz para emendas rápidas.
- Nó de Escota: Utilizado para unir dois cabos de diâmetros diferentes, sendo mais seguro que o nó direito para essa finalidade. Também serve para prender um cabo a uma alça.
Mapeando a Aventura: Como Ler e Interpretar uma Carta Náutica
A carta náutica é o mapa do mar. Este documento é indispensável para a segurança, pois detalha informações que o GPS não mostra, como profundidades, perigos submersos, tipo de fundo e auxílios à navegação. Navegar em águas desconhecidas sem uma carta é extremamente arriscado. Aprender a lê-la é uma competência central da Especialidade de Navegação.
Para interpretar uma carta, é preciso entender seus símbolos, abreviaturas e escalas, todos padronizados na publicação “Carta 12000 (INT 1)” da Marinha. Alguns dos elementos mais importantes que se pode encontrar são:
- Profundidades (Sondagens): Números que indicam a profundidade da água na maré mais baixa.
- Natureza do Fundo: Abreviaturas como ‘A’ (Areia) ou ‘P’ (Pedra), cruciais para decidir onde ancorar.
- Perigos: Símbolos que marcam rochas, cascos naufragados e outras obstruções perigosas.
- Auxílios à Navegação: Símbolos para faróis, faroletes e as bóias que guiam o caminho seguro.
- Rosa dos Ventos: Mostra a direção do Norte Verdadeiro e Magnético, permitindo corrigir o rumo da bússola.
As 3 Regras de Ouro para uma Navegação Segura
No comando de uma embarcação, a segurança é a prioridade máxima. O Regulamento Internacional para Evitar Abalroamento no Mar (RIPEAM) estabelece as “regras de trânsito” na água. Seguir estas três regras fundamentais minimiza os riscos de acidentes.
- Manter uma Velocidade Segura: A velocidade deve ser compatível com as condições (tráfego, visibilidade, clima), permitindo tempo e espaço para manobrar e evitar colisões. Perto de praias e áreas de barcos ancorados, a velocidade deve ser sempre reduzida.
- Manter Vigilância Constante: O comandante deve estar sempre atento, usando visão, audição e todos os equipamentos disponíveis para monitorar 360 graus ao redor da embarcação, identificando riscos potenciais.
- Conhecer e Respeitar as Regras de Passagem: Saber quem tem a preferência é vital. Por exemplo, em rumos cruzados, a embarcação que avista a outra por seu boreste (direita) deve dar passagem. A que ultrapassa sempre se mantém fora do caminho da outra.
Pronto para Zarpar: O que Significa Estar Devidamente Equipado
Estar “devidamente equipado” significa ter a bordo todos os itens de segurança exigidos pela Marinha (NORMAN-03/DPC), em bom estado, dentro da validade e em quantidade suficiente para todos a bordo. Não é apenas uma formalidade, mas a garantia de que a tripulação pode responder a uma emergência. O equipamento varia conforme a área de navegação (interior, costeira ou oceânica).
Para uma navegação costeira, uma ilustração dos equipamentos essenciais inclui:
- Coletes Salva-Vidas: Um para cada tripulante, homologado e de fácil acesso.
- Boia Salva-Vidas: Pelo menos uma, com um cabo flutuante.
- Extintores de Incêndio: Com carga válida e em quantidade adequada.
- Sinais Pirotécnicos: Conjunto de foguetes, fachos e fumaça para pedidos de socorro.
- Rádio VHF: Essencial para comunicação e emergências no Canal 16.
- Bomba de Porão: Para esgotar água que possa entrar no casco.
- Âncora e Amarra: Para fundear com segurança.
- Documentação: Habilitação do condutor e documentos do barco em dia.
Navegando com Respeito: Regras de Condução e Ética Marítima
Completar a Especialidade de Navegação envolve mais do que conhecimento técnico; exige um comportamento responsável. As “regras de condução” e a “ética marítima” definem como um bom navegador deve agir, combinando leis formais com o bom senso e a cortesia.
Regras de Condução são as leis formais do mar, principalmente o RIPEAM. São obrigatórias e objetivas, ditando como evitar acidentes. Incluem as regras de preferência em ultrapassagens e cruzamentos, o uso correto de luzes de navegação e os sinais sonoros para manobras.
Ética Marítima é o código de conduta não escrito, baseado no respeito e na tradição. São as boas maneiras do mar. Exemplos incluem prestar auxílio a outra embarcação em perigo, não gerar marolas perto de barcos ancorados, não poluir a água e usar o rádio de forma educada e concisa.