Como Fazer a Especialidade de Primeiros Socorros – intermediário – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Ter a especialidade de Primeiros Socorros – básico.
- O que são EPIs (Equipamentos de proteção individual)? Qual a sua importância para os atendimentos de primeiros socorros?
- O que significa ABC da vida (ou do socorrista)? Quando deve ser usado? Demonstrar como aplicar as manobras do ABC da vida.
- Qual é a diferença entre um infarto agudo do miocárdio e um acidente vascular encefálico (AVE)? Qual o procedimento adequado para cada situação?
- Conhecer os principais pontos de pulso, e demonstrar habilidade para aferir o pulso em pelo menos dois deles.
- Conhecer o método de aplicar um torniquete e quando usá-lo e não usá-lo.
- Saber como aplicar adequadamente as seguintes ataduras:
- Espiral
- Cruzada ou em oito
- Frontal, para a cabeça
- Demonstrar habilidade aplicando as ataduras acima nas seguintes regiões do corpo: cabeça, antebraço, mão, pé, joelho.
- Que tipo de materiais podem ser usados como talas em situações de emergência? Saber como aplicar talas às seguintes partes do corpo:
- Braço
- Antebraço
- Tornozelo
- Joelho
- Conhecer o tratamento adequado para o seguinte:
- Ferimentos na cabeça
- Hemorragias internas
- Ferimentos à bala
- Ferimentos no olho
- Desmaio e convulsão
- Efeitos do calor ou frio extremos
- Saber o que fazer num acidente com eletricidade.
- Saber como escapar de um incêndio.
- Saber como obter ajuda numa emergência.
- Conhecer o procedimento adequado para tratar uma vítima de radiação e quais são as medidas de segurança do socorrista.
- Conhecer as seguintes maneiras de carregar uma vítima num resgate:
- Puxar pelo ombro
- Usando um cobertor
- Duas pessoas carregam
- Carregar pelas extremidades
- Maca improvisada
- Três pessoas carregam numa rede
- Usando maca
Aprendendo sobre a Especialidade de Primeiros Socorros – intermediário
Avançando no conhecimento que salva vidas! Este guia detalha os requisitos da Especialidade de Primeiros Socorros – intermediário para Desbravadores, abordando desde o ABC da vida até o socorro em acidentes complexos. Prepare-se para agir com segurança e competência.
Como Fazer a Especialidade de Primeiros Socorros – Intermediário
Avançar para a Especialidade de Primeiros Socorros – intermediário significa aprofundar os conhecimentos adquiridos no nível básico, preparando o Desbravador para lidar com situações mais complexas e desafiadoras. Ter a especialidade básica é o primeiro passo, pois ela garante a base fundamental sobre a qual as novas habilidades serão construídas. Este nível foca em avaliações mais detalhadas, emergências específicas e técnicas avançadas de imobilização e transporte.
A Segurança do Socorrista: O Papel dos EPIs
Antes de qualquer atendimento, a segurança do socorrista é a prioridade máxima. Os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) são essenciais para evitar que o socorrista se contamine com fluidos corporais, como sangue e secreções, ou se exponha a outros riscos. Ao se proteger, você garante que pode prestar o melhor auxílio sem se tornar uma segunda vítima. Os EPIs básicos que todo kit de primeiros socorros deve ter incluem luvas descartáveis, óculos de proteção e máscaras faciais.
Avaliação Inicial da Vítima: O XABCDE da Vida
O protocolo XABCDE é uma ferramenta mnemônica utilizada para realizar a avaliação inicial de uma vítima de forma rápida e priorizada. Ele substitui o antigo “ABC da vida” por ser mais completo, especialmente em casos de trauma. Essa sequência deve ser seguida em toda abordagem inicial para identificar e tratar as condições que mais ameaçam a vida.
Entendendo a Sequência XABCDE
- X – Hemorragia Exsanguinante: A prioridade absoluta. Antes de tudo, procure e controle sangramentos graves que podem levar a vítima à morte em poucos minutos.
- A – Vias Aéreas (Airways): Verifique se a via aérea está aberta e desobstruída. Em caso de suspeita de lesão na coluna, estabilize a cabeça e o pescoço.
- B – Boa Respiração (Breathing): Observe se a vítima respira, sentindo e ouvindo o fluxo de ar e observando o movimento do tórax.
- C – Circulação: Cheque o pulso, a cor e a temperatura da pele, e continue controlando hemorragias menores.
- D – Déficit Neurológico: Avalie o nível de consciência da vítima, verificando se ela está alerta, responde a chamados, a estímulos de dor ou se está inconsciente.
- E – Exposição e Ambiente: Exponha a vítima para procurar outras lesões, mas sempre a protegendo do frio (hipotermia) com um cobertor.
Emergências Críticas: Infarto, AVE e Hemorragias
Saber diferenciar e agir em emergências cardiovasculares e neurológicas é uma habilidade crucial nesta especialidade. Tanto o infarto quanto o Acidente Vascular Encefálico (AVE) exigem ação imediata e o acionamento do serviço de emergência (SAMU – 192).
Diferenciando Infarto e Acidente Vascular Encefálico (AVE)
- Infarto Agudo do Miocárdio (IAM): É o ataque cardíaco, causado pelo bloqueio do fluxo de sangue para o coração. Os sinais incluem dor forte no peito que pode irradiar para o braço esquerdo ou mandíbula, falta de ar e suor frio. Mantenha a vítima calma, sentada e afrouxe suas roupas.
- Acidente Vascular Encefálico (AVE): É o derrame cerebral, causado pela interrupção de sangue no cérebro. Os sinais são súbitos e neurológicos, como fraqueza em um lado do corpo, dificuldade de fala e confusão mental. Deite a vítima com a cabeça elevada, não ofereça comida ou bebida e anote a hora de início dos sintomas.
O Uso Correto do Torniquete em Hemorragias Graves
O torniquete é uma medida extrema, uma decisão de “vida ou membro”, usada apenas em hemorragias graves em braços ou pernas que não cessam com pressão direta. Nunca deve ser usado para sangramentos leves ou picadas de animais. Para aplicar, use uma tira de pano larga (4-5 cm) posicionada de 5 a 7 cm acima do ferimento. Use um objeto rígido para torcer até o sangramento parar e, crucialmente, anote a hora da aplicação na testa da vítima com a letra ‘T’. Uma vez aplicado, não deve ser removido por leigos.
Verificando Sinais Vitais: Como Aferir o Pulso
Verificar o pulso informa sobre a circulação da vítima. Os pontos mais comuns para aferição são a artéria radial (no pulso, do lado do polegar) e a carotídea (no pescoço, ao lado do pomo de adão). Para medir, use as pontas dos dedos indicador e médio (nunca o polegar) e pressione levemente sobre o local. Conte os batimentos por 15 segundos e multiplique por 4 para obter os batimentos por minuto (BPM). Em uma emergência, o mais importante é confirmar se há pulso e se ele está forte ou fraco.
Técnicas Essenciais de Imobilização e Curativos
Parte importante da Especialidade de Primeiros Socorros – intermediário é dominar as técnicas para proteger ferimentos e imobilizar fraturas, prevenindo danos maiores até a chegada do socorro profissional.
Dominando a Aplicação de Ataduras
As ataduras fixam curativos e imobilizam áreas lesionadas. Devem ser firmes, mas sem impedir a circulação.
- Espiral: Ideal para áreas cilíndricas como o antebraço. Suba pelo membro com cada volta cobrindo dois terços da anterior.
- Cruzada ou em Oito: Perfeita para articulações (joelho, tornozelo), pois permite movimento. O padrão cruza sobre a articulação, formando um “8”.
- Frontal (Capacete): Usada para ferimentos na cabeça. Após ancorar a atadura na testa, passe-a por cima da cabeça, da testa à nuca, repetindo até cobrir a lesão e finalizando com voltas circulares.
Como Improvisar e Aplicar Talas Corretamente
Em emergências, talas podem ser improvisadas com jornais enrolados, papelão, galhos retos ou réguas. O objetivo é imobilizar a articulação acima e abaixo da lesão. Sempre coloque um pano macio entre a tala e a pele. Fixe a tala com tiras de pano acima e abaixo da fratura, nunca sobre ela. Após amarrar, verifique a circulação nos dedos da mão ou do pé.
- Braço: A tala vai da axila até depois do cotovelo. Use uma tipoia.
- Antebraço: Use duas talas (em cima e embaixo), da mão até depois do cotovelo. Use uma tipoia.
- Tornozelo: Use talas em ambos os lados, do pé até o meio da panturrilha.
- Joelho: Se esticado, use uma tala longa por trás da perna. Se dobrado, imobilize na posição em que se encontra.
Lidando com Situações Específicas de Socorro
Esta especialidade também prepara o desbravador para agir em uma variedade de emergências, cada uma com seu procedimento correto.
- Ferimentos na cabeça: Sempre suspeite de lesão na coluna; não mova a vítima. Aplique pressão suave no sangramento.
- Hemorragia interna: Os sinais são palidez, pele fria, pulso fraco e rápido. Deite a vítima, eleve as pernas e a mantenha aquecida. Chame a emergência imediatamente.
- Ferimentos no olho: Se houver um objeto, não o remova. Imobilize-o e cubra AMBOS os olhos. Se for um produto químico, lave com água corrente por 15 minutos.
- Desmaio: Deite a vítima e eleve suas pernas.
- Convulsão: Proteja a cabeça da vítima, afaste objetos e não a segure. Após a crise, coloque-a em posição lateral de segurança.
- Insolação (Calor): Leve para local fresco, borrife água e aplique compressas frias na nuca, axilas e virilhas.
- Hipotermia (Frio): Leve para local aquecido, remova roupas molhadas e aqueça gradualmente com cobertores.
Protocolos de Ação em Acidentes Complexos
Certas emergências exigem um conhecimento específico sobre segurança e procedimentos para não agravar a situação ou colocar o socorrista em risco.
O Que Fazer em um Acidente com Eletricidade
A regra número um é a segurança. NÃO TOQUE NA VÍTIMA enquanto ela estiver em contato com a fonte elétrica. Primeiro, desligue a energia. Se não for possível, use um objeto não condutor (cabo de vassoura de madeira seca, plástico) para afastar a vítima da fonte. Só então chame a emergência (192 ou 193) e verifique a respiração e o pulso. Esteja preparado para iniciar a RCP.
Como Escapar de um Incêndio com Segurança
Em um incêndio, mantenha a calma. Acione o alarme e grite “FOGO!”. Antes de abrir uma porta, verifique se está quente. Mova-se sempre agachado, pois a fumaça tóxica sobe. Use as escadas, nunca o elevador. Se ficar preso, vede a porta com panos e sinalize em uma janela. Uma vez que sair, não volte por nenhum motivo.
Procedimentos em Acidentes com Radiação
Acidentes com radiação são raros e exigem equipes especializadas. A segurança do socorrista se baseia em minimizar o tempo de exposição e maximizar a distância da fonte. Se for seguro, remova a vítima da área, retire suas roupas (colocando-as em um saco selado) e lave seu corpo com água e sabão. Trate as lesões físicas e aguarde o socorro especializado.
Como e Quando Movimentar uma Vítima
A regra geral é não mover uma vítima, a menos que o local ofereça um perigo iminente (como um incêndio ou risco de desabamento). Se a movimentação for absolutamente necessária, é preciso conhecer as técnicas corretas para minimizar o risco de lesões adicionais, especialmente na coluna.
Técnicas Seguras para Transporte de Vítimas
- Arrasto de Emergência: Para distâncias curtas, puxe a vítima pelas axilas, apoiando sua cabeça e pescoço com seus braços e corpo.
- Uso de Cobertor: Role a vítima sobre um cobertor e puxe o cobertor para arrastá-la para um local seguro.
- Cadeirinha (2 pessoas): Dois socorristas entrelaçam os punhos para formar um assento para a vítima.
- Maca Improvisada: Pode ser feita com dois galhos resistentes e casacos ou um cobertor.
- Ponte (3 pessoas): Três socorristas se ajoelham ao lado da vítima e a levantam em um movimento coordenado.
Saber como obter ajuda é tão vital quanto saber prestar os primeiros socorros. Tenha sempre em mente os números de emergência: 192 (SAMU) para questões de saúde, 193 (Bombeiros) para resgates e incêndios, e 190 (Polícia Militar) para segurança. Ao ligar, mantenha a calma e forneça informações claras sobre a localização, o tipo de emergência e o estado da vítima. Siga as instruções do atendente e não desligue até que ele autorize.