Como Fazer a Especialidade de Plantas Silvestres Comestíveis – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Fotografar ou desenhar, no mínimo, 15 plantas silvestres comestíveis. Identificar cada planta na natureza. Informar o hábito (erva, trepadeira, arbusto ou árvore) e as partes comestíveis de cada uma das plantas.
- Identificar, preparar e comer 5 tipos de frutas silvestres, 3 tipos de bebidas, 3 plantas de saladas, 3 ervas e 2 raízes ou tubérculos.
- Demonstrar a preparação de alimentos silvestres em cada uma das maneiras a seguir:
- Ferver
- Tostar
- Fritar
- Assar
- Demonstrar como preparar uma porção ou mais de uma planta silvestre comestível que só é encontrada em sua região.
- Explicar a importância de não comer cogumelos silvestres.
- Qual raiz de planta pode ser seca e moída para se fazer farinha?
- Conhecer, pelo menos, 8 famílias que têm plantas venenosas ou duvidosas.
- Qual é a principal regra para determinar se uma planta é comestível?
- Elaborar um manual com fotos das plantas utilizadas para o cumprimento dos requisitos anteriores, acrescentando as seguintes informações para cada uma delas:
- Nome pela qual é conhecida na região e, se possível, o nome científico.
- Identificação da planta (árvore , arbusto, etc.)
- Partes comestíveis
- Onde é encontrada (habitat)
- Tipo de toxinas
- Valores medicinais
- Outras utilidades, fora a alimentação
- Receitas que possam ser feitas com essa planta
Aprendendo sobre a Especialidade de Plantas Silvestres Comestíveis
Explore a natureza e descubra um mundo de sabores! Este guia para a Especialidade de Plantas Silvestres Comestíveis ensina a identificar, preparar e consumir plantas com segurança. Uma aventura de conhecimento essencial para todos os desbravadores.
Como Fazer a Especialidade de Plantas Silvestres Comestíveis
Guia de Campo: 15 Plantas Silvestres Comestíveis do Brasil
O primeiro passo para dominar a Especialidade de Plantas Silvestres Comestíveis é aprender a identificar corretamente as espécies. Esta tarefa deve ser sempre realizada com a supervisão de um instrutor experiente na flora local. Abaixo, apresentamos uma lista de 15 plantas comuns no Brasil para iniciar sua jornada de exploração e catalogação.
- Ora-pro-nóbis (Pereskia aculeata): Trepadeira cujas folhas são comestíveis em refogados, sopas e saladas.
- Beldroega (Portulaca oleracea): Erva rasteira com folhas, talos e sementes que podem ser consumidos crus ou cozidos.
- Serralha (Sonchus oleraceus): Erva de folhas jovens com sabor levemente amargo, ótima para saladas e refogados.
- Tanchagem (Plantago major): Erva cujas folhas jovens podem ser comidas cruas ou cozidas como espinafre.
- Dente-de-leão (Taraxacum officinale): Erva versátil, com folhas para salada, flores para geleias e raízes para um substituto do café.
- Azedinha (Rumex acetosa): Erva de folhas com sabor ácido, ideal para saladas e sopas.
- Capuchinha (Tropaeolum majus): Trepadeira ou erva com flores e folhas de sabor picante, excelentes para saladas.
- Caruru (Amaranthus viridis): Erva rica em ferro, cujas folhas e brotos devem ser consumidos cozidos.
- Taioba (Xanthosoma taioba): Erva cujas folhas e talos devem ser sempre cozidos para eliminar o oxalato de cálcio.
- Palma (Opuntia ficus-indica): Arbusto (cacto) do qual se comem as palmas jovens (grelhadas) e os frutos (figo-da-índia).
- Babaçu (Attalea speciosa): Palmeira (árvore) de onde se extrai um óleo nutritivo de suas sementes (amêndoas).
- Pitanga (Eugenia uniflora): Árvore ou arbusto cujos frutos são consumidos ao natural, em sucos e geleias.
- Araçá (Psidium araça): Árvore ou arbusto com frutos parecidos com goiaba, consumidos ao natural ou em doces.
- Agrião-do-seco (Coronopus didymus): Erva com folhas e ramos de sabor picante, usada como tempero e em saladas.
- Costela-de-adão (Monstera deliciosa): Trepadeira cujo fruto só pode ser consumido quando está completamente maduro.
Do Mato ao Prato: Preparando um Banquete Silvestre
Após identificar as plantas, o próximo desafio é prepará-las e prová-las. Esta etapa prática da especialidade envolve experimentar diferentes categorias de alimentos silvestres, sempre com foco na segurança e no preparo correto.
5 Frutas Silvestres
- Pitanga: Consumir a fruta fresca, direto do pé.
- Araçá: Ideal para ser comida in natura.
- Amora-silvestre: Deliciosa ao natural ou transformada em geleia.
- Figo-da-índia: Descasque com cuidado para remover os espinhos e aproveite a polpa.
- Bacupari: Consuma a polpa fresca.
3 Bebidas Naturais
- Chá de Erva-cidreira: Prepare uma infusão com as folhas frescas ou secas.
- Suco de Pitanga: Bata as frutas com água e adoce a gosto.
- Chá de Gengibre-branco: Faça uma infusão com o rizoma (raiz) da planta.
3 Plantas para Saladas
- Beldroega: Utilize as folhas e talos jovens crus.
- Capuchinha: Adicione as flores e folhas picantes para um toque especial.
- Ora-pro-nóbis: Use as folhas mais novas e macias.
3 Ervas para Cozinhar
- Serralha: Refogue as folhas como se fossem couve.
- Tanchagem: Cozinhe as folhas jovens em sopas ou refogados.
- Mentruz (Agrião-do-seco): Use como um tempero picante em pratos quentes.
2 Raízes ou Tubérculos
- Mandioca: Cozinhe muito bem a raiz antes de consumir para eliminar toxinas.
- Inhame: Pode ser cozido ou assado.
Técnicas de Cozinha na Natureza: Fervendo, Tostando, Fritando e Assando
Dominar diferentes métodos de cocção é fundamental para aproveitar ao máximo os alimentos silvestres. Cada técnica realça sabores e texturas de maneira única, além de ser essencial para tornar algumas plantas seguras para o consumo.
- Ferver: Este método é ideal para amaciar folhas duras como as da taioba e da serralha. Ferver a taioba é crucial para remover componentes que causam irritação na boca. Frutas também podem ser fervidas para fazer geleias e compotas.
- Tostar: Sementes como as de girassol silvestre ou pinhão (típico do Sul) ganham sabor e crocância ao serem tostadas em uma panela seca ou chapa quente.
- Fritar: Tubérculos como a mandioca ou o inhame, depois de cozidos, podem ser cortados e fritos em óleo quente até ficarem dourados e crocantes.
- Assar: Raízes e tubérculos podem ser enrolados em folhas de bananeira ou papel alumínio e colocados diretamente sobre as brasas de uma fogueira. O calor lento e seco cozinha a planta por dentro, deixando-a macia e saborosa.
Sabores da Sua Terra: Cozinhando com Plantas Regionais
O Brasil é um país de dimensões continentais, e cada bioma oferece suas próprias Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC). Um dos requisitos mais interessantes da Especialidade de Plantas Silvestres Comestíveis é pesquisar e preparar uma planta típica da sua região.
- Região Sul: O pinhão, semente da araucária, pode ser cozido em água e sal ou assado na brasa.
- Cerrado: O pequi pode ser cozido com arroz, mas com cuidado para não morder o caroço espinhento. A castanha de baru pode ser torrada.
- Nordeste (Caatinga): O umbu pode ser usado para fazer sucos, geleias ou a tradicional umbuzada.
- Amazônia: O açaí pode ser batido para fazer o famoso “vinho de açaí”, e o cubiu é ótimo para sucos e doces.
Alerta de Perigo: Por Que Evitar Cogumelos Silvestres?
A identificação de cogumelos é uma ciência complexa, reservada a especialistas em micologia. Muitas espécies venenosas são extremamente parecidas com as comestíveis, e um erro pode ter consequências graves.
A regra de segurança universal é clara: na dúvida sobre um cogumelo, não colha e, principalmente, não coma. O risco é muito alto.
As toxinas presentes em cogumelos venenosos são potentes, não são eliminadas pelo cozimento e podem causar desde problemas gastrointestinais severos até falência de órgãos e morte. Gêneros como o Amanita são responsáveis pela maioria das fatalidades. Portanto, para a segurança de todos os desbravadores, o consumo de cogumelos silvestres é proibido.
Transformando Raízes em Farinha
Diversas raízes podem ser processadas para a produção de farinha, um alimento energético e versátil. A planta mais conhecida no Brasil para este fim é a mandioca (Manihot esculenta). Após ser colhida, a raiz é descascada, seca e moída, transformando-se na farinha de mandioca, um pilar da culinária nacional. Outras plantas, como a taboa e o caruru, também podem ter suas partes transformadas em farinhas nutritivas.
Conhecendo o Perigo: Famílias de Plantas Tóxicas
Parte da segurança ao lidar com plantas silvestres é saber reconhecer não apenas o que é seguro, mas também o que é perigoso. Conhecer famílias botânicas que contêm espécies venenosas é um conhecimento vital para evitar acidentes. Cumprir este requisito da especialidade aumenta sua percepção de risco na natureza.
- Araceae: Família da “comigo-ninguém-pode” e do “tinhorão”. Contêm cristais que causam irritação e inchaço.
- Euphorbiaceae: Inclui a mamona, cujas sementes são altamente tóxicas, e o bico-de-papagaio.
- Solanaceae: Família da “saia-branca”, que possui alcaloides que causam alucinações e problemas cardíacos.
- Apocynaceae: Contém plantas como a “espirradeira”, com toxinas que afetam o coração.
- Anacardiaceae: Família da “aroeira-brava”, que pode causar fortes reações alérgicas na pele.
- Apiaceae: Inclui a cicuta, uma das plantas mais venenosas do mundo.
- Liliaceae: Apesar de ter espécies comestíveis, inclui plantas tóxicas como o lírio-do-vale.
- Fabaceae: Muitas leguminosas desta família precisam ser cozidas para serem seguras.
A Regra de Ouro da Comestibilidade
Qual é a principal regra para determinar se uma planta é comestível? A resposta é simples e direta: só coma uma planta se você tiver 100% de certeza da sua identificação como segura e comestível. Não existem atalhos ou testes mágicos. Características como seiva leitosa ou sabor amargo são sinais de alerta, mas não regras absolutas. A única forma segura é o conhecimento prévio, adquirido com estudo e a orientação de especialistas.
Criando seu Manual de Plantas Silvestres Comestíveis
O último requisito da Especialidade de Plantas Silvestres Comestíveis é a criação de um manual pessoal. Este trabalho consolida todo o aprendizado prático e teórico. Para cada planta que você estudou, crie uma ficha completa, incluindo fotos ou desenhos. Use o exemplo abaixo como modelo para organizar suas informações.
Exemplo de Ficha: Beldroega (Portulaca oleracea)
- Nome popular e científico: Beldroega; Portulaca oleracea.
- Identificação: Erva anual, suculenta e rasteira.
- Partes comestíveis: Folhas, caules e sementes.
- Habitat: Cresce espontaneamente em hortas, jardins e terrenos baldios.
- Toxinas: Segura em consumo moderado. Contém ácido oxálico, que pode ser um problema em grandes quantidades para pessoas com tendência a pedras nos rins.
- Valores medicinais: Rica em ômega-3, vitaminas A e C.
- Outras utilidades: Usada como cobertura de solo para manter a umidade.
- Receitas: Salada de beldroega com tomate e cebola; Beldroega refogada com alho e azeite.