Como Fazer a Especialidade de Aves – avançado – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Ter a especialidade de Aves.
- Conhecer as leis de proteção às aves em seu país. Apresentar este item através de relatório.
- Através de um esquema trazido pelo instrutor, identificar as principais partes anatômicas e morfológicas de uma ave.
- Qual a importância das penas para as aves?
- De que maneira os pés, pernas e bicos das aves encontram-se modificados para adaptá-los a seu meio-ambiente?
- Identificar, através de imagens, aves que apresentem:
- Patas modificadas para nadar.
- Patas adaptadas para andar ou saltar.
- Patas adaptadas para escalar.
- Patas adaptadas para empoleirar.
- Bico adaptado para furar madeira.
- Bico e línguas longos para retirar néctar de flores.
- Bico adaptado para arrancar pedaços.
- Sobre os beija-flores, saber:
- O que os beija-flores comem na natureza e com que frequência?
- Por que os beija-flores não têm medo de grandes mamíferos ou pássaros?
- Qual a diferença dos movimentos de suas asas, comparadas a outros pássaros?
- Quão rápido são capazes de voar?
- Com que rapidez batem as asas e o coração?
- Qual o formato da língua?
- Por qual motivo as aves migram?
- O que é anilhamento? Como ele contribui para informações a respeito de migrações, comportamento e estrutura social? Que outros mecanismos são utilizados para monitorar as aves?
- Mencionar a origem e o destino final de 10 espécies migratórias que ocorram em seu continente, de preferência em seu país ou região.
- Descrever, pelo menos, 3 diferentes formas utilizadas pelas aves para se orientar em suas viagens.
- Fazer uma lista de 30 espécies de aves que você já tenha observado pessoalmente. Para cada espécie desta lista, notar o seguinte: a. Nome b. Data de observação c. Local de observação d. Habitat (ou seja, campo, bosque, rio, lago, etc.)
- Fazer uma lista de 10 espécies de aves que você identificou pelo som, ao ar livre.
- Confeccionar uma coleção com nome popular e científico de 60 aves (imagens ou fotos), onde, pelo menos, 50 devem ser típicas de seu país.
- Participar de uma caminhada em grupo para observar aves. Realizar um relatório sobre a caminhada e listar os materiais necessários para uma boa caminhada de observação de aves.
Aprendendo sobre a Especialidade de Aves – avançado
Aprofunde seus conhecimentos com a Especialidade de Aves – avançado! Este guia ajuda desbravadores a identificar, proteger e entender o fascinante mundo das aves, desde sua anatomia até as incríveis jornadas migratórias.
Como fazer a Especialidade de Aves – avançado
A jornada para conquistar a Especialidade de Aves – avançado é um mergulho profundo no universo da ornitologia. Ela expande os conhecimentos adquiridos na especialidade básica, desafiando o desbravador a se tornar um observador mais atento, consciente e preparado. O primeiro passo é, naturalmente, já ter concluído a especialidade de Aves, pois ela serve como alicerce para os estudos mais complexos que virão.
A Responsabilidade do Observador: Leis de Proteção às Aves
Observar aves também significa protegê-las. No Brasil, a fauna silvestre é protegida por lei. A principal delas é a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98), que torna crime matar, caçar, apanhar ou manter aves silvestres em cativeiro sem a devida autorização do IBAMA. A Lei de Proteção à Fauna (Lei nº 5.197/67) reforça que os animais, seus ninhos e abrigos são propriedade do Estado. Para cumprir este requisito da especialidade, é preciso elaborar um relatório detalhando essas leis, o papel de órgãos fiscalizadores e a importância de combater o tráfico de animais silvestres.
Conhecendo uma Ave de Perto: Anatomia e Morfologia
Identificar uma ave corretamente começa por conhecer suas partes. A morfologia externa fornece pistas cruciais sobre a espécie e seus hábitos. Utilizando um esquema, é fundamental saber localizar as principais estruturas anatômicas de uma ave.
- Cabeça: Inclui o píleo (topo), nuca, loro (região entre o olho e o bico), bochecha e garganta.
- Bico (Rostro): Composto pela maxila (superior) e mandíbula (inferior).
- Corpo: Formado pelo dorso, peito, abdômen, flancos e uropígio (base da cauda).
- Asas: Contêm as rêmiges (penas de voo) e as coberteiras (penas menores que as cobrem).
- Cauda: Formada pelas retrizes (penas longas).
- Patas e Pés: Compostos pelo tarso, dedos e garras.
A Engenharia das Penas: Mais que Apenas Voo
As penas são uma das características mais marcantes das aves e possuem múltiplas funções vitais. Elas não servem apenas para voar. Sua estrutura complexa é uma obra de engenharia da natureza, essencial para a sobrevivência em diversos aspectos.
- Voo: As penas das asas e da cauda criam a superfície aerodinâmica necessária para sustentação e propulsão.
- Isolamento Térmico: As plumas retêm o ar perto do corpo, mantendo a ave aquecida no frio e fresca no calor.
- Impermeabilização: Um óleo da glândula uropigiana espalhado sobre as penas as torna resistentes à água.
- Comunicação e Camuflagem: As cores e padrões servem tanto para se esconder de predadores quanto para atrair parceiros.
Adaptações Incríveis: Como Bicos e Pés Revelam o Estilo de Vida
A forma dos bicos e dos pés de uma ave é um reflexo direto de sua dieta e do ambiente onde vive. Essas adaptações são exemplos fantásticos de como as espécies evoluem para explorar diferentes nichos ecológicos. Ao observar um bico, é possível deduzir o que a ave come.
- Bicos Granívoros: Curtos e fortes para quebrar sementes, como os de um coleirinho.
- Bicos Carnívoros: Curvados e em gancho para rasgar carne, como os de gaviões e águias.
- Bicos Nectarívoros: Longos e finos para alcançar o néctar das flores, a marca dos beija-flores.
- Bicos Filtradores: Largos e com “peneiras” para filtrar alimento da água, como os de patos e flamingos.
Da mesma forma, os pés revelam onde a ave passa a maior parte do tempo. É preciso saber identificar visualmente, por meio de imagens, aves com essas diferentes características.
- Patas para Nadar: Com membranas entre os dedos, como as do pato-do-mato.
- Patas para Andar: Fortes e robustas, como as da seriema.
- Patas para Escalar: Com dois dedos para frente e dois para trás (zigodáctilos), como as do pica-pau.
- Patas para Empoleirar: Com um mecanismo de trava que permite dormir em galhos sem cair, como as do sabiá-laranjeira.
Os Acrobatas do Ar: Segredos dos Beija-Flores
Os beija-flores são um grupo de aves fascinante e cheio de particularidades. Para a Especialidade de Aves – avançado, é necessário conhecer alguns de seus segredos. Sua dieta principal é o néctar, consumido várias vezes por hora para suprir seu metabolismo acelerado, mas eles também comem pequenos insetos para obter proteínas.
Sua agilidade e velocidade de voo, que pode passar de 50 km/h, os tornam destemidos e agressivos na defesa de seu território. O movimento de suas asas é único, descrevendo um “8” que lhes permite pairar no ar e até voar para trás. Seus corações podem bater mais de 1.200 vezes por minuto, e suas línguas bifurcadas são ferramentas perfeitas para coletar néctar por capilaridade.
As Grandes Jornadas: Desvendando a Migração das Aves
A migração é um dos fenômenos mais impressionantes do reino animal. As aves migram principalmente por três motivos: buscar alimento, fugir de condições climáticas extremas e encontrar locais ideais para reprodução e criação dos filhotes. É uma estratégia de sobrevivência que envolve viagens épicas.
A Bússola Interna: Como as Aves se Orientam?
Para navegar por milhares de quilômetros, as aves usam um sistema de orientação sofisticado, que combina diferentes “ferramentas” naturais.
- Orientação pelo Sol: Durante o dia, usam a posição do sol, ajustando-se ao seu movimento com um relógio biológico interno.
- Orientação pelas Estrelas: À noite, reconhecem padrões de constelações para se guiar.
- Bússola Magnética: Elas possuem a incrível capacidade de “ver” o campo magnético da Terra, usando-o como um guia de direção.
Rastreando os Viajantes: A Ciência do Anilhamento
Para estudar essas longas viagens, os cientistas usam o anilhamento. Essa técnica consiste em colocar um pequeno anel com um código único na pata da ave. Se a ave for recapturada, os pesquisadores obtêm dados valiosos sobre suas rotas, longevidade e comportamento. Além do anilhamento, outras tecnologias modernas são usadas, como rastreadores GPS via satélite, geolocalizadores que medem a luz do dia e rádio-telemetria.
Rotas Brasileiras: Exemplos de Aves Migratórias
O Brasil é uma importante rota de passagem para muitas espécies. Conhecer algumas delas é um dos requisitos da especialidade. Aqui estão exemplos de aves que viajam longas distâncias e podem ser vistas no país:
- Maçarico-de-papo-vermelho (Calidris canutus): Vem do Ártico e vai para a Patagônia, parando no litoral brasileiro.
- Andorinha-do-mar-ártica (Sterna paradisaea): Realiza a migração mais longa do mundo, do Ártico à Antártica, passando pela costa do Brasil.
- Tesourinha (Tyrannus savana): Populações do sul do Brasil migram para a Amazônia durante o inverno.
- Gavião-de-asa-larga (Buteo platypterus): Vem da América do Norte e passa pela Amazônia.
- Bacurau-norte-americano (Chordeiles minor): Reproduz-se na América do Norte e passa o inverno na América do Sul, incluindo o Brasil.
- Maçarico-acanelado (Calidris subruficolis): Origem no Ártico e destino no sul da América do Sul.
- Juruviara (Vireo chivi): Populações do norte migram para a América do Sul.
- Talha-mar (Rynchops niger): Populações da América do Norte se encontram com as residentes no Brasil.
- Tisiu (Volatinia jacarina): Migrante austral, que vai do sul para a Amazônia no inverno.
- Andorinha-azul (Progne subis): Vem da América do Norte para passar o inverno na América do Sul.
Mãos à Obra: A Prática da Observação de Aves
A parte mais emocionante da Especialidade de Aves – avançado é a prática. Ir a campo para observar, ouvir e registrar as aves é fundamental. Para isso, o desbravador precisa se preparar, organizar o material e, principalmente, treinar seus sentidos.
Equipamentos Essenciais para o Observador de Aves
Participar de uma caminhada de observação exige alguns materiais básicos para garantir o sucesso da atividade. O relatório sobre a caminhada deve listar esses itens e descrever a experiência, o local e as aves avistadas.
- Binóculos: O item mais importante para ver detalhes à distância.
- Guia de Campo ou Aplicativo: Ferramentas como Merlin ou WikiAves ajudam na identificação.
- Caderno de Campo e Lápis: Para anotações rápidas.
- Roupas de cores neutras: Para não espantar as aves.
- Itens de proteção: Chapéu, protetor solar e repelente.
- Água e lanche.
Criando seu Diário de Campo e Coleção
Dois requisitos práticos da especialidade envolvem criar listas. A primeira é uma lista pessoal de 30 espécies de aves observadas, anotando nome, data, local e habitat. A segunda é uma lista de 10 espécies identificadas apenas pelo som. Para isso, é preciso treinar o ouvido, usando recursos online para aprender os cantos. Aves como o bem-te-vi, o sabiá-laranjeira e o quero-quero têm cantos muito distintos e são ótimas para começar.
Finalmente, é preciso confeccionar uma coleção de 60 espécies de aves, usando fotos ou imagens. Para cada uma, deve-se incluir o nome popular e o científico. Pelo menos 50 dessas aves devem ser típicas do Brasil. Esta coleção pode ser um álbum físico ou um arquivo digital, e serve como um excelente guia de referência pessoal, consolidando todo o aprendizado da Especialidade de Aves – avançado.