Como Fazer a Especialidade de Intérprete de Língua de Sinais – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Ter a especialidade de Língua de sinais – avançado.
- Fazer uma pesquisa sobre a história mundial dos surdos, a partir de Pedro Ponce de León, e escrever uma redação de, pelo menos, 500 palavras ou fazer uma apresentação oral de 5 minutos.
- O que é Classificador? Qual a importância desta estrutura gramatical na língua de sinais?
- Fazer uma pesquisa sobre a legislação em seu país que trata sobre surdez ou língua de sinais. Quais são os direitos e deveres dos surdos contidos nesses documentos jurídicos?
- Por que não se deve usar a expressão surdo-mudo, mas apenas surdo?
- Sobre a profissão de intérprete, pesquisar os seguintes tópicos:
- O que é necessário para se tornar um intérprete de língua de sinais?
- Quais são as oportunidades de trabalho, em sua região ou Estado, para estes profissionais?
- Quais instituições, em sua região ou Estado, oferecem cursos nesta área?
- Existem cursos de graduação e/ou pós-graduação em língua de sinais em seu país? Qual o perfil profissional dos alunos formados nestes cursos?
- Como funciona a certificação de proficiência na língua de sinais em seu pais? Quais são os critérios para se obter este certificado? Quais as vantagens de se obtê-lo?
- Cumprir um dos seguintes:
- Ser intérprete em sua Igreja, interpretando, pelo menos, 1 vez por semana durante, no mínimo, 6 meses.
- Trabalhar como intérprete em qualquer instituição ou empresa por, pelo menos, 3 meses.
- Atuar como monitor de uma disciplina de lingua de sinais por, pelo menos, 1 semestre.
- Se você já cumpriu os itens a, b ou c no passado, cumprir um deles, novamente, por, no mínimo, 1 mês.
Aprendendo sobre a Especialidade de Intérprete de Língua de Sinais
Aprender a interpretar a Língua de Sinais é abrir uma porta para um novo universo de comunicação, inclusão e serviço. Conquistar a Especialidade de Intérprete de Língua de Sinais prepara os desbravadores para serem pontes de comunicação, quebrando barreiras e conectando pessoas. Este guia detalha os requisitos e conhecimentos para você dominar essa habilidade tão importante.
Como fazer a Especialidade de Intérprete de Língua de Sinais
O Ponto de Partida: O Nível Avançado
Antes de se tornar um intérprete, é fundamental ter uma base sólida. O primeiro passo para a Especialidade de Intérprete de Língua de Sinais é já possuir a especialidade de Língua de Sinais – Avançado. Isso garante que o desbravador já domina um vocabulário extenso, consegue manter uma conversa básica e compreende as estruturas gramaticais essenciais da Libras, como o uso de expressões faciais e a correta configuração das mãos.
Uma Viagem no Tempo: A História da Comunidade Surda
Compreender o presente exige conhecer o passado. A história da comunidade surda é marcada por lutas e grandes conquistas. Um marco inicial é Pedro Ponce de León, um monge espanhol do século XVI, considerado o primeiro professor de surdos da história. Ele provou que os surdos eram capazes de aprender, contrariando a crença da época de que a audição era essencial para o raciocínio.
Outros nomes importantes surgiram, como o abade francês Charles-Michel de l’Épée, que fundou a primeira escola pública para surdos em Paris, defendendo o uso da língua de sinais. Seu trabalho influenciou a educação de surdos em toda a Europa e levou a língua de sinais aos Estados Unidos através de seu aluno, Laurent Clerc. No entanto, o Congresso de Milão, em 1880, representou um grande retrocesso ao proibir as línguas de sinais nas escolas, impondo o método oralista. Apenas no final do século XX a importância do bilinguismo foi novamente reconhecida.
Desvendando a Gramática Visual: O Poder dos Classificadores
Na Língua Brasileira de Sinais (Libras), os classificadores (CL) são uma ferramenta gramatical poderosa e essencial. Um classificador é uma configuração de mão específica que descreve visualmente características como forma, tamanho, movimento e localização de objetos, pessoas ou animais. Eles funcionam como “desenhos no ar”, tornando a comunicação mais rica, detalhada e eficiente.
Por exemplo, em vez de um sinal único para “carro subindo a ladeira”, um intérprete pode usar um classificador que representa um veículo e mover a mão em uma trajetória ascendente. Dominar os classificadores é um passo crucial para alcançar a fluência em Libras, permitindo transmitir informações complexas de forma visual e precisa, algo fundamental para a Especialidade de Intérprete de Língua de Sinais.
Comunicação com Respeito: Por que Usar o Termo “Surdo”?
A linguagem que usamos molda a realidade e demonstra respeito. A expressão “surdo-mudo” é incorreta, pejorativa e não deve ser utilizada. O motivo principal é que a surdez não afeta os órgãos responsáveis pela fala. Muitas pessoas surdas aprendem a falar através de terapia e são conhecidas como “surdas oralizadas”.
O termo correto e respeitoso é simplesmente “surdo” ou “pessoa surda”. Usar a terminologia adequada é reconhecer a identidade cultural e linguística da comunidade surda, que lutou para superar estigmas históricos.
Direitos e Leis: A Legislação Brasileira sobre Libras
O Brasil possui uma legislação avançada que garante os direitos da comunidade surda e o reconhecimento da Libras. Conhecer essas leis é parte dos requisitos da especialidade. Os principais documentos são:
- Lei nº 10.436/2002 (Lei de Libras): Reconheceu a Libras como meio legal de comunicação e expressão no Brasil.
- Decreto nº 5.626/2005: Regulamentou a Lei de Libras, garantindo a presença de intérpretes em serviços públicos e tornando a disciplina de Libras obrigatória em cursos de formação de professores.
- Lei nº 12.319/2010: Regulamentou a profissão de Tradutor e Intérprete de Libras.
- Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência): Reforçou o direito à educação bilíngue, saúde, trabalho e acesso à informação com recursos de acessibilidade.
Essas leis garantem que os surdos tenham acesso a uma educação inclusiva, atendimento em saúde com intérpretes, e acessibilidade em repartições públicas e na mídia. Os deveres dos cidadãos surdos são os mesmos de todos os outros brasileiros.
A Carreira de Intérprete de Libras: Formação e Oportunidades
A profissão de intérprete de Libras é regulamentada e oferece um campo de trabalho em expansão. Para os desbravadores que desejam seguir essa carreira, é importante conhecer o caminho da formação e as áreas de atuação.
Como se Tornar um Intérprete Profissional?
Para atuar profissionalmente, é necessário ter no mínimo o ensino médio completo e uma formação específica na área. As principais vias de qualificação incluem cursos de graduação (Letras-Libras), pós-graduação em tradução e interpretação, ou cursos profissionalizantes reconhecidos pelo MEC. A certificação de proficiência, como o antigo PROLIBRAS, também é um diferencial importante que atesta a competência do profissional.
O Mercado de Trabalho e Onde Estudar
As oportunidades para intérpretes são diversas e podem ser encontradas em todo o país. As principais áreas de atuação incluem:
- Educação: Acompanhando alunos surdos em escolas e universidades.
- Eventos: Em palestras, conferências, shows e eventos corporativos.
- Mídia: Em programas de televisão, lives e conteúdo online.
- Setor Jurídico e de Saúde: Em audiências, delegacias e consultas médicas.
No Brasil, diversas universidades federais oferecem a graduação em Letras-Libras. Além disso, instituições como SENAC, SESI e plataformas online especializadas oferecem cursos de formação e capacitação, permitindo que o estudante encontre uma opção adequada em sua região.
Colocando a Mão na Massa: Ganhando Experiência Prática
A parte final da Especialidade de Intérprete de Língua de Sinais exige imersão prática. O desbravador precisa aplicar seus conhecimentos em um ambiente real. Existem diferentes maneiras de cumprir este requisito prático:
- Intérprete na Igreja: Muitas igrejas possuem ministérios para surdos. Converse com a liderança e ofereça-se para interpretar cultos ou reuniões. É uma excelente forma de servir à comunidade e praticar em um ambiente familiar.
- Trabalho ou Voluntariado: Busque oportunidades de estágio ou trabalho voluntário em escolas, associações de surdos, ONGs ou eventos. Essa experiência proporciona um contato valioso com a comunidade surda e o dia a dia da profissão.
- Monitoria Acadêmica: Se você está na universidade ou em um curso de Libras, verifique a possibilidade de atuar como monitor, auxiliando o professor e os colegas. É uma ótima maneira de reforçar o aprendizado e desenvolver habilidades de ensino.