Como Fazer a Especialidade de Escalada – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Conhecer e praticar as regras de segurança que devem ser seguidas em escaladas.
- Conhecer e demonstrar habilidade nos seguintes equipamentos de escalada:
- Mosquetão
- Martelo
- Pinos
- Grampos
- Ganchos
- Corda de nylon
- Que cuidados devem-se ter com a corda durante o uso e armazenamento?
- Demonstrar habilidade para fazer os seguintes nós:
- Lais de guia
- Volta do fiel
- Pescador duplo
- Nó figura de oito
- Nó figura de oito duplo
- Prussik
- Relacionar os diferentes níveis de dificuldade de locais de escalada. Incluir observações de como identificar cada nível.
- Fazer o seguinte, durante uma escalada:
- Demonstrar habilidade para ‘içar’ dois escaladores, usando corretamente a corda, mosquetão e grampos
- Demonstrar o posicionamento correto do corpo
- Descrever as superfícies adequadas para ‘frear’
- Enrolar a corda durante a subida
- Conhecer e demonstrar os sinais usados para comunicação entre escaladores.
- Mostrar habilidade para subir, pelo menos, 10 metros por uma corda na vertical.
- Fazer uma escalada livre, com nível entre 4 e 5 de dificuldade. Durante a mesma, por em prática os seguintes conceitos: ritmo, olhar para frente, peso sobre os pés e equilíbrio.
- Fazer o seguinte:
- Montar um rapel (usando um método mecânico) e puxar a corda
- Praticar rapel em, pelo menos, 2 percursos de 15 metros cada
- Conhecer locais próximos a sua região onde é possível praticar escalada (naturais e artificiais).
Aprendendo sobre a Especialidade de Escalada
A escalada é um esporte que desafia o corpo e a mente, desenvolvendo disciplina e confiança. Conquistar a Especialidade de Escalada vai além de subir paredes; é aprender sobre segurança, técnica e trabalho em equipe. Este guia prático ajudará os desbravadores a dominar todos os requisitos e a se aventurar com responsabilidade.
Como fazer a Especialidade de Escalada
A Base de Tudo: Regras de Segurança na Escalada
A segurança é o pilar fundamental da escalada. Antes de qualquer subida, um planejamento cuidadoso é indispensável. Isso envolve pesquisar a via, verificar o clima e garantir que todo o equipamento está em perfeitas condições. O uso do capacete é obrigatório, protegendo contra quedas de objetos ou impactos. A comunicação clara entre o escalador e o segurador, usando comandos padronizados, evita mal-entendidos e garante uma prática segura. Manter o foco e a calma, mesmo em situações de desafio, é uma habilidade tão importante quanto a força física.
Conhecendo Suas Ferramentas: Equipamentos Essenciais
Para cumprir os requisitos da Especialidade de Escalada, é vital conhecer e manusear corretamente os equipamentos. Cada peça tem uma função específica e crucial para a segurança.
- Mosquetão: Conector metálico que une a corda à cadeirinha e às proteções na rocha. Existem modelos com e sem trava de segurança, cada um para uma finalidade.
- Martelo: Usado em escalada tradicional para fixar e remover pinos (pitons) em fendas na rocha, criando pontos de ancoragem.
- Pinos (Pitons): Peças de metal marteladas em fissuras da rocha para servirem como pontos de ancoragem temporários.
- Grampos (Chapeletas): Proteções fixas e permanentes, parafusadas na rocha, onde a corda é conectada através de uma costura.
- Ganchos (Hooks): Usados em escalada artificial, apoiam-se em pequenas saliências da rocha para progressão, exigindo muita técnica e equilíbrio.
- Corda de Nylon: O principal item de segurança. As cordas dinâmicas, de poliamida, possuem elasticidade para absorver o impacto de uma queda, sendo essenciais para a escalada guiada.
Sua Linha da Vida: Cuidados Essenciais com a Corda
A corda é o seu equipamento de segurança mais crítico e exige cuidados rigorosos para garantir sua durabilidade e eficácia. Durante o uso, evite pisar na corda para não introduzir sujeira que danifica as fibras internas e proteja-a de arestas afiadas. Nunca a exponha a produtos químicos.
Para o armazenamento, guarde-a em local seco, arejado e longe da luz solar direta, preferencialmente em uma bolsa própria, sem nós. Se precisar lavar, use apenas água fria e sabão neutro, com secagem à sombra. Lembre-se que toda corda tem uma vida útil e deve ser aposentada após uma queda grave ou ao apresentar danos visíveis.
Dominando os Nós: A Linguagem da Segurança
O domínio dos nós é uma habilidade não negociável para qualquer desbravador que busca a Especialidade de Escalada. Cada nó tem uma aplicação específica e saber executá-los corretamente é fundamental para a segurança de todos.
- Lais de Guia: Cria uma alça fixa que não aperta, ideal para ancoragens em árvores ou grandes blocos de rocha.
- Volta do Fiel: Perfeito para se auto-segurar em uma ancoragem. É rápido de fazer e de ajustar.
- Pescador Duplo: O nó mais seguro para unir duas cordas, essencial para realizar um rapel longo.
- Nó Figura de Oito: É a base para outros nós e serve como um nó de bloqueio no final da corda.
- Nó Figura de Oito Duplo (Oito Guiado): É o nó padrão e mais seguro para conectar a corda à cadeirinha do escalador.
- Prussik: Um nó blocante que desliza sem peso, mas trava sob carga. É usado como segurança no rapel e para ascender por uma corda.
Decifrando os Desafios: Entendendo os Níveis de Dificuldade
No Brasil, as vias de escalada são classificadas pelo Sistema Brasileiro de Graduação. Entender essa graduação ajuda a escolher desafios adequados ao seu nível. A classificação é dividida em partes, como 5° VIc A1, e cada uma tem um significado.
- Grau Geral (1°, 2°, 3°…): Indica a dificuldade geral da via, considerando o esforço físico, risco e extensão. Um 1º grau é uma caminhada íngreme, enquanto um 5º ou 6º já é um desafio técnico.
- Grau do Lance Mais Difícil (Crux): Aponta a dificuldade do movimento mais complexo da via. A partir do 7º grau, usam-se as letras a, b e c para maior precisão (ex: VIIa).
- Grau de Artificial (A0, A1…): Informa se é necessário usar equipamentos para progredir, não apenas para segurança.
Essas informações são encontradas em guias de escalada (croquis) e, em ginásios, as vias costumam ser etiquetadas com suas graduações.
Técnicas em Ação: Da Segurança ao Posicionamento
Durante a escalada, várias técnicas são aplicadas simultaneamente. Dominá-las é o que diferencia um iniciante de um escalador experiente. Para a Especialidade de Escalada, é preciso demonstrar habilidade em conceitos práticos fundamentais.
Dando Segurança (Içar) e Gerenciando a Corda
A técnica de “içar” ou dar segurança (belay) é feita com um freio, como o ATC. O segurador deve manter atenção total, dando e recolhendo corda conforme o escalador avança. Em caso de queda, o segurador trava a corda, garantindo a proteção. Durante a subida, o escalador guia não enrola a corda, mas a clipa nas proteções. É o segurador no chão quem mantém a corda organizada para que ela corra livremente.
Posicionamento Corporal e Uso das Agarras
O posicionamento correto do corpo economiza energia e aumenta a eficiência. A força principal deve vir das pernas, empurrando o corpo para cima. Mantenha os braços esticados sempre que possível e o quadril próximo à parede para maior equilíbrio. As superfícies para “frear” são as agarras, que podem ser de vários tipos (regletes, abaulados, pinças). A escolha correta e a pressão adequada são fundamentais para a progressão.
Comunicação é Chave: Sinais e Comandos na Escalada
Uma comunicação clara e padronizada é vital para a segurança, especialmente quando o escalador e o segurador não conseguem se ver. Dominar esses comandos é um dos requisitos essenciais da Especialidade de Escalada.
- Escalador (antes de subir): “Segurança pronta?”
- Segurador (após checar): “Segurança pronta!”
- Escalador (iniciando): “Escalando!”
- Escalador (precisando de corda): “Corda!”
- Escalador (pedindo tensão): “Tensa!”
- Escalador (chegou ao topo): “Seg!” (indicando que está ancorado)
- Qualquer um (aviso de perigo): “Pedra!”
Desafio Vertical: Como Subir 10 Metros em Corda Fixa
Subir por uma corda fixa é uma técnica que exige mais técnica do que força bruta. A força principal deve vir das pernas, enquanto os braços auxiliam no equilíbrio. A técnica da “tesoura” com os pés é uma das mais eficientes para cumprir este requisito da especialidade.
- Segure a corda com as duas mãos, uma acima da outra.
- Puxe os joelhos em direção ao peito.
- Passe a corda pelo lado de fora de um pé e por baixo dele.
- Com o outro pé, pise sobre a corda no pé de baixo, travando-a.
- Fique de pé, empurrando com as pernas e deslizando as mãos para cima.
- Repita o processo de forma ritmada.
Colocando em Prática: Sua Primeira Escalada Livre
Realizar uma escalada livre de nível 4 ou 5 significa progredir usando apenas as mãos e os pés na rocha, com a corda servindo exclusivamente para segurança. Nesta etapa da Especialidade de Escalada, conceitos técnicos são colocados à prova.
O segredo é focar no ritmo constante, olhar para frente para planejar os movimentos, confiar o peso do corpo aos pés e manter o equilíbrio com o quadril próximo à parede.
Uma escalada fluida e controlada é mais eficiente do que movimentos rápidos e desesperados. A leitura da via, planejando a sequência de agarras, economiza energia e aumenta as chances de sucesso.
A Descida Controlada: Montando e Praticando o Rapel
Tão importante quanto subir é saber descer com segurança. O rapel é a técnica utilizada para isso. A montagem correta do sistema é crucial e deve ser feita com máxima atenção.
Para montar o rapel, a corda é passada por uma ancoragem segura e suas duas pontas devem alcançar o solo. O escalador conecta um freio mecânico (como ATC ou Oito) à corda e à cadeirinha, sempre usando um nó de segurança reserva, como o Prussik. A prática da descida em si deve ser controlada, com o corpo em “L” e os pés firmes na parede. Após o último descer, a corda é recuperada puxando um dos lados. Praticar em percursos de 15 metros ajuda a ganhar confiança nesta manobra essencial.
Onde Praticar? Encontrando Locais de Escalada
O Brasil é repleto de locais incríveis para a prática da escalada. Para os desbravadores, é importante conhecer as opções próximas, tanto naturais (em rocha) quanto artificiais (em ginásios). Ginásios são ótimos para iniciar e treinar, enquanto locais como a Serra do Cipó (MG), o Pão de Açúcar (RJ) e a Pedra do Baú (SP) são destinos famosos para a escalada em rocha. Pesquisar por “ginásio de escalada” ou “locais de escalada” na sua região é o primeiro passo para encontrar onde colocar em prática o que foi aprendido na Especialidade de Escalada.