Como Fazer a Especialidade de Herança Cultural – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Qual a importância de se conhecer sua herança cultural?
- Tendo os princípios bíblicos como base, listar 3 tradições negativas e 5 tradições positivas, encontradas em sua cultura.
- Listar, ao menos, 5 datas que são feriados culturais oficiais em seu país/estado e informar: data do feriado, data de oficialização, costume para o dia, costume de sua família nesse dia, etc.
- Fazer o seguinte:
- Detalhar as maneiras habituais de vestir-se para a vida cotidiana e para 2 ocasiões que, em sua cultura, se use vestimentas especiais.
- Apresentar e explicar por meio de foto ou desenho essas vestimentas especiais.
- Como funciona a estrutura familiar em sua cultura?
- Explicar a estrutura política vigente em seu país e identificar a origem desse sistema.
- Pesquisar e descrever os costumes, comemorações e/ou cerimônias realizados em sua cultura para as seguintes ocasiões:
- O nascimento de uma criança
- Tornar-se adulto
- Morte e sepultamento
- Em sua cultura, como é o sistema de noivado e casamento? Analisar como é feito o pedido aos pais, o noivado, a cerimônia religiosa, a celebração, a legalidade, símbolos culturais utilizados, etc.
- Escrever 300 palavras sobre um compositor, pintor ou escultor de seu país, que seja internacionalmente reconhecido por sua arte e apresentar em vídeo, áudio ou fotografia uma de suas obras mais conhecidas.
- Listar os povos (nativos e colonizadores) que deram origem à sua sociedade atual. Indicar, ao menos, 2 expressões culturais herdadas de cada um desses povos.
- Conhecer 10 diferentes formas de arte ou artesanato nativo comuns em seu país. Demonstrar habilidade em produzir 3 destes itens.
- O que faz um povo perder sua cultura? Analisar se isto é benéfico ou prejudicial.
Aprendendo sobre a Especialidade de Herança Cultural
Descubra a riqueza da sua história! Este guia completo para a Especialidade de Herança Cultural ajuda desbravadores a explorar tradições, arte e costumes, fortalecendo a identidade e o respeito pela diversidade que nos forma.
Como Fazer a Especialidade de Herança Cultural
A Importância de Conhecer Suas Raízes
Compreender a herança cultural é essencial para a formação da identidade de uma pessoa e de uma nação. Ela engloba as tradições, costumes, arte e história transmitidos entre gerações. Para os jovens, conhecer as próprias raízes ajuda a definir quem são, de onde vieram e como seus antepassados viviam, fortalecendo o senso de pertencimento. A cultura brasileira, por exemplo, é um grande mosaico de influências indígenas, africanas, europeias e de outros imigrantes. Estudar essa formação permite entender a riqueza e a complexidade da nossa sociedade atual.
Tradições Culturais e a Visão Bíblica
Analisar tradições culturais à luz dos princípios bíblicos exige sabedoria e discernimento. A Bíblia não condena a cultura, mas nos orienta a avaliar práticas que podem se opor aos ensinamentos de Deus. Para cumprir este requisito da Especialidade de Herança Cultural, é preciso identificar exemplos positivos e negativos em nossa sociedade.
Tradições Positivas na Cultura Brasileira
- Hospitalidade: A natureza acolhedora reflete o princípio de amar ao próximo (Romanos 12:13).
- Valorização da Família: A forte conexão com parentes promove apoio e união (Salmo 133:1).
- Solidariedade: A ajuda mútua em tempos difíceis pratica o mandamento de levar as cargas uns dos outros (Gálatas 6:2).
- Alegria e Celebração: O espírito festivo pode ser visto como um reflexo do fruto do Espírito (Gálatas 5:22).
- Respeito aos Mais Velhos: A reverência aos idosos está alinhada ao mandamento de honrar pai e mãe (Êxodo 20:12).
Tradições Negativas a Serem Avaliadas
- “Jeitinho Brasileiro”: A prática de burlar regras para obter vantagens confronta o princípio da honestidade (Provérbios 11:1).
- Banalização do Corpo: Certas manifestações culturais podem promover a sensualidade excessiva, contrariando o conceito do corpo como templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19-20).
- Sincretismo Religioso: A mistura de crenças cristãs com outras religiões pode ser vista como uma violação do mandamento de não ter outros deuses (Êxodo 20:3).
Feriados que Contam a História do Brasil
Os feriados nacionais são datas importantes que marcam eventos históricos e culturais. Conhecê-los é uma parte vital para entender a jornada do país. Abaixo estão cinco feriados oficiais brasileiros:
- Tiradentes (21 de abril): Oficializado desde a Proclamação da República, homenageia o mártir da Inconfidência Mineira. É um dia de reflexão sobre a luta pela independência, com cerimônias cívicas em cidades históricas.
- Independência do Brasil (7 de setembro): Estabelecido por lei em 1949, comemora a declaração de independência de 1822. A principal tradição são os desfiles cívico-militares por todo o país.
- Nossa Senhora Aparecida (12 de outubro): Feriado nacional desde 1980, homenageia a padroeira do Brasil. Milhares de fiéis fazem romarias ao Santuário Nacional em Aparecida (SP). A data também é celebrada como Dia das Crianças.
- Proclamação da República (15 de novembro): Feriado desde 1890, celebra o fim do Império em 1889. Geralmente é um dia mais introspectivo, sem grandes comemorações populares.
- Dia de Zumbi e da Consciência Negra (20 de novembro): Tornou-se feriado nacional em 2023. Homenageia Zumbi dos Palmares e promove a reflexão sobre a luta contra o racismo e a contribuição do povo negro para o Brasil.
Vestimentas: Do Cotidiano às Celebrações Especiais
A forma de se vestir revela muito sobre o clima, os costumes e a história de um povo. No Brasil, o vestuário varia bastante entre o dia a dia e as ocasiões festivas. Para esta etapa da Especialidade de Herança Cultural, é preciso descrever esses trajes e apresentar visualmente os mais emblemáticos.
- Vida Cotidiana: Devido ao clima tropical, as roupas são leves e informais, como camisetas, shorts e vestidos. Em ambientes de trabalho formais e nas regiões mais frias, o vestuário inclui calças, blazers e sapatos fechados.
- Ocasiões Especiais:
- Festas Juninas: Inspiradas no ambiente rural, as roupas são “caipiras”. Homens usam camisa xadrez e chapéu de palha. Mulheres usam vestidos coloridos, rodados, com muitos laços e babados.
- Traje de Baiana: Ligado à herança africana, especialmente na Bahia, é composto por torso na cabeça, bata de renda, saias longas e rodadas (geralmente brancas), pano da costa nos ombros e muitos colares de contas.
Para o requisito “b”, o desbravador deve pesquisar fotos ou desenhar esses trajes especiais, explicando o significado de cada peça, como a relação do traje junino com o homem do campo e a conexão do traje de baiana com a religiosidade de matriz africana.
A Estrutura da Família Brasileira Hoje
A família é a base da sociedade, e sua estrutura no Brasil passou por grandes transformações. O modelo histórico patriarcal, com o pai como provedor e a mãe como cuidadora, deu lugar a diversas configurações. Hoje, a realidade familiar brasileira é plural e inclui:
- Família Nuclear Moderna: Pai, mãe e filhos, com uma divisão de tarefas mais igualitária.
- Família Monoparental: Chefiada por apenas um dos pais com seus filhos.
- Família Reconstituída: Casais com filhos de relacionamentos anteriores.
- Famílias Homoafetivas: Compostas por casais do mesmo sexo, com ou sem filhos.
Apesar das mudanças, os laços familiares, incluindo a família estendida (avós, tios e primos), continuam sendo muito valorizados como fonte de apoio e afeto.
Entendendo o Sistema Político Brasileiro
O Brasil é uma República Federativa Presidencialista, conforme definido pela Constituição de 1988. Esse sistema se baseia na divisão do poder em três esferas independentes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
A origem desse sistema é inspirada em modelos de outros países: a República vem dos ideais da Revolução Francesa; o Federalismo, dos Estados Unidos, para administrar um território vasto; e o Presidencialismo, também dos EUA, que concentra a chefia de Estado e de Governo no Presidente.
- Poder Executivo: Administra o país. É chefiado pelo Presidente (nível federal), Governadores (estados) e Prefeitos (municípios).
- Poder Legislativo: Cria e aprova as leis. É exercido pelo Congresso Nacional (Deputados e Senadores), Assembleias Legislativas (Deputados Estaduais) e Câmaras Municipais (Vereadores).
- Poder Judiciário: Interpreta as leis e julga conflitos, sendo o Supremo Tribunal Federal (STF) sua instância máxima.
Ritos de Passagem: Do Nascimento à Despedida
Toda cultura possui cerimônias que marcam as fases importantes da vida. No Brasil, esses ritos são fortemente influenciados pela tradição cristã e por costumes populares.
- Nascimento: Celebrado com “Chá de Bebê” antes da chegada e visitas na maternidade após. É comum oferecer uma lembrancinha de nascimento. Em famílias cristãs, o batismo é uma cerimônia fundamental.
- Tornar-se Adulto: A transição é marcada por etapas. Para meninas, a festa de 15 anos (debutante) é um rito simbólico. Para todos, a maioridade legal aos 18 anos, com o direito de votar e dirigir, é um marco importante.
- Morte e Sepultamento: Ocorre o velório, uma cerimônia de despedida, seguido do sepultamento ou cremação. O uso de roupas pretas e o envio de coroas de flores são costumes comuns. A Missa de Sétimo Dia é uma cerimônia religiosa em memória do falecido.
O Caminho para o Altar: Noivado e Casamento no Brasil
O casamento no Brasil combina tradições europeias e cristãs com toques de modernidade. O pedido de casamento, antes feito ao pai da noiva, hoje é um momento íntimo do casal. O noivado é formalizado com o uso de alianças na mão direita. A união precisa ser legalizada no Cartório de Registro Civil, podendo a cerimônia religiosa ter efeito civil.
A cerimônia religiosa tem um cortejo definido, com a entrada de pais, padrinhos, noivo e, por fim, a noiva. A troca de alianças para a mão esquerda é o clímax. Após a cerimônia, uma festa celebra a união, com costumes como jogar o buquê e distribuir o doce bem-casado, que simboliza a sorte e a união do casal. Concluir esta etapa é um passo importante para conquistar a Especialidade de Herança Cultural.
Ícones da Arte Brasileira: Tarsila do Amaral e o Abaporu
Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma figura central do Modernismo brasileiro. Nascida em São Paulo, sua formação artística na Europa a colocou em contato com vanguardas como o Cubismo, que ela adaptou para criar uma arte genuinamente nacional. Ao voltar ao Brasil, integrou o “Grupo dos Cinco” e se tornou um pilar da Semana de Arte Moderna de 1922, mesmo ausente do evento. Sua obra buscou redescobrir o Brasil, usando cores vivas e temas da fauna, flora e do cotidiano, como na fase “Pau-Brasil”.
Em 1928, Tarsila pintou sua obra mais famosa, ‘Abaporu’, para seu marido, Oswald de Andrade. O nome tupi-guarani significa “homem que come gente”. A tela, com uma figura de pés enormes e cabeça pequena, simboliza a valorização do trabalho braçal sobre o intelectual. A obra inspirou o ‘Manifesto Antropofágico’ de Oswald, que propunha “deglutir” a cultura estrangeira para criar algo autenticamente brasileiro. ‘Abaporu’ tornou-se o grande símbolo desse movimento e uma das pinturas mais icônicas da arte latino-americana. A fase seguinte da artista, a “Social”, refletiu suas preocupações com as questões trabalhistas, como na obra ‘Operários’. O legado de Tarsila é ter traduzido a identidade brasileira em uma linguagem moderna e universal.
O Mosaico do Povo Brasileiro: Nossas Origens
A sociedade brasileira atual é fruto da miscigenação de diversas matrizes. Entender essas origens é fundamental na jornada pela Especialidade de Herança Cultural.
- Povos Indígenas (Nativos): Deixaram heranças na culinária (mandioca, açaí) e no vocabulário (nomes de lugares e animais).
- Portugueses (Colonizadores): Trouxeram a língua portuguesa, a religião católica e festas como o Carnaval e as Festas Juninas.
- Povos Africanos (Escravizados): Contribuíram imensamente na música (samba), na dança (capoeira), na culinária (feijoada) e na religião (Candomblé).
- Outros Imigrantes (Italianos, Alemães, Japoneses, etc.): Enriqueceram a cultura com a introdução de massas, festas como a Oktoberfest e novas técnicas agrícolas.
A Riqueza do Artesanato Brasileiro
O artesanato brasileiro reflete a diversidade cultural do país. Para completar os requisitos, é preciso conhecer diferentes formas de arte nativa e aprender a produzir algumas delas.
10 Formas de Arte e Artesanato Comuns no Brasil
- Cerâmica: Destaque para a Marajoara (PA) e a do Vale do Jequitinhonha (MG).
- Cestaria: Técnica indígena de trançar fibras naturais.
- Renda de Bilro: Típica do Nordeste, feita com fusos de madeira.
- Artesanato em Capim Dourado: Joias e bolsas feitas no Jalapão (TO).
- Entalhe em Madeira: Esculturas de santos e carrancas.
- Bonecos de Barro de Caruaru: Retratam o cotidiano nordestino.
- Tecelagem: Produção de redes e tapetes em teares manuais.
- Arte Plumária Indígena: Cocares e adornos feitos com penas.
- Fuxico: Círculos de tecido franzido que formam colchas e painéis.
- Patchwork: Técnica que une retalhos de tecidos.
Como Produzir 3 Itens de Artesanato
Para demonstrar habilidade, o desbravador pode escolher três técnicas. Aqui estão sugestões simples:
- Fuxico: Corte um círculo de tecido, alinhave a borda e puxe a linha para franzir, formando uma “trouxinha”.
- Decoupage em MDF: Pinte um objeto de MDF, recorte uma figura de guardanapo, cole no objeto e passe outra camada de cola por cima para selar.
- Pintura em Cerâmica: Lixe um vaso de barro, pinte com uma base branca e depois decore com desenhos coloridos, finalizando com verniz.
Ameaças à Cultura: Globalização e a Perda de Identidade
Um povo pode perder sua cultura por vários motivos, como a globalização, que promove uma cultura de consumo mundial, a urbanização, que afasta as pessoas de tradições rurais, e a falta de transmissão de conhecimentos entre gerações. Essa perda é vista como prejudicial, pois empobrece a diversidade mundial e enfraquece o senso de pertencimento das comunidades. Cada cultura que desaparece representa a perda de um conhecimento único sobre o mundo. A mudança cultural é natural, mas o ideal é que ela ocorra de forma consciente, com a própria comunidade decidindo o que preservar e o que adaptar, em vez de ser uma substituição imposta por influências externas.