Como Fazer a Especialidade de Cestaria – Desbravadores
REQUISITOS DA ESPECIALIDADE:
- Apresentar para o examinador (Escrito ou oralmente) um trabalho sobre 2 países onde cresce o junco.
- Explicar como tratar o junco antes do trançamento.
- Conhecer outros tipos de fibras vegetais que podem ser usadas na cestaria e que são comuns em sua região.
- Que ferramentas você usaria para:
- Fazer cestas de junco?
- Fazer cestas de raffia?
- Definir:
- Trançamento chamuscado
- Achatamento
- Explicar como:
- Consertar uma estaca quebrada da roda de trançar
- Emendar o junco.
- Citar 2 tipos de bases usadas em cestas e especificar em qual tipo de cesta cada base pode ser usada.
- Descrever como fazer:
- Um trançamento duplo
- Uma tripla guarnição de raios
- Fazer uma bandeja para lanches, com base de madeira.
- Fazer algum objeto simples com base trançada.
- Fazer um descanso de panelas redondo, de 15 centímetros de diâmetro, de Raffia ou similar.
Aprendendo sobre a Especialidade de Cestaria
Aprenda a arte milenar da cestaria e conquiste uma nova habilidade! Este guia prático para a Especialidade de Cestaria ensina tudo sobre fibras, técnicas e como criar suas próprias peças, ajudando desbravadores a desenvolverem a criatividade e a paciência.
Como fazer a Especialidade de Cestaria
Conhecendo as Fibras da Cestaria
O primeiro passo para dominar a cestaria é conhecer a matéria-prima. O junco, especialmente a espécie Juncus effusus, é uma planta que cresce em locais úmidos em todo o mundo. Em Portugal, por exemplo, o junco é tão tradicional que existe um artesanato certificado de cestas em Forjães, onde a fibra é valorizada por sua robustez. Já no Japão, o junco, chamado de igusa, tem imensa importância cultural, sendo a matéria-prima dos famosos tatamis que cobrem o chão das casas tradicionais.
Além do junco, o Brasil possui uma flora riquíssima que oferece diversas fibras para a arte da cestaria. Dependendo da sua região, você pode encontrar materiais incríveis para seus projetos. Conhecer essas alternativas é fundamental para cumprir os requisitos da especialidade.
- Bambu: Flexível e durável, encontrado em todo o país.
- Taboa: Planta aquática de folhas longas, ótima para peças leves.
- Cipó: Comum na Amazônia, ideal para cestos robustos e decorativos.
- Palha de Milho: Usada em áreas rurais para artesanato delicado.
- Fibra de Bananeira: Extraída do tronco, transforma-se em fios para tecelagem.
- Buriti e Capim Dourado: Típicos do Cerrado e da Amazônia, geram peças de alto valor agregado com brilho e acabamento únicos.
Preparando o Junco: O Segredo da Flexibilidade
O junco seco é duro e quebradiço, impossível de trançar. O tratamento correto é o que garante a maleabilidade necessária para o trabalho. O processo envolve duas etapas cruciais: a secagem e a hidratação. A correta preparação da fibra é um passo essencial para o sucesso na Especialidade de Cestaria.
- Colheita e Secagem: Após ser arrancado pela base, o junco é espalhado ao sol por cerca de 15 dias para secar e adquirir um tom dourado. Se a secagem for feita à sombra, ele mantém a cor verde original.
- Hidratação: Para se tornar flexível, o junco seco precisa ser umedecido. Mergulhe as fibras em água morna por 5 a 10 minutos ou enrole-as em uma toalha úmida por algumas horas. É importante umedecer apenas a quantidade que será usada no momento para que não sequem durante o trabalho.
Ferramentas Essenciais para o Artesão
Cada tipo de fibra exige ferramentas específicas. Para trabalhar com junco ou ráfia e concluir os projetos desta especialidade, é importante ter o kit certo em mãos. A escolha correta das ferramentas facilita o trabalho e garante um acabamento profissional às peças.
Ferramentas para Cestas de Junco
- Tesoura de poda ou faca afiada: Para cortar os juncos no tamanho certo.
- Alicates ou pinças: Ajudam a puxar e apertar os trançados mais justos.
- Soquete: Ferramenta de madeira usada para compactar as fileiras do trançado.
- Grampos ou prendedores: Para segurar as estacas verticais no lugar.
- Borrifador de água: Essencial para manter as fibras úmidas e flexíveis.
Ferramentas para Cestas de Ráfia
- Tesoura: Para cortar os fios de ráfia.
- Agulha de tapeçaria: Usada para “costurar” os rolos de ráfia, especialmente na técnica espiral.
- Cola quente: Útil para acabamentos e para fixar pontas.
Dominando as Técnicas Fundamentais de Trançado
A cestaria é rica em técnicas que criam diferentes texturas, padrões e níveis de resistência. Conhecer alguns desses métodos é um dos requisitos para quem busca a Especialidade de Cestaria. Desde o acabamento até a estrutura, cada técnica tem sua função.
O conhecimento das técnicas de acabamento e tecelagem diferencia um trabalho amador de uma peça de artesanato bem-executada.
Definindo Acabamentos e Texturas
Trançamento chamuscado: É uma técnica de finalização onde a cesta pronta é passada rapidamente sobre uma chama. O objetivo é queimar as pequenas fibras soltas, resultando em uma superfície lisa e com acabamento limpo. Esse processo pode escurecer levemente a fibra, dando um aspecto tostado.
Achatamento: Refere-se ao ato de prensar ou bater as fibras para que fiquem planas em vez de redondas. Isso pode ser feito antes ou durante a tecelagem. O resultado é um trançado mais denso, compacto e com uma textura visual mais uniforme.
Técnicas de Tecelagem Estrutural
Trançamento Duplo: Utiliza dois juncos trançadores ao mesmo tempo. O método consiste em pegar sempre o trançador que está mais à esquerda, passá-lo na frente de uma estaca e por trás da estaca seguinte. Isso cria um padrão torcido que torna a trama mais forte e resistente, ideal para cestas que precisam de mais estrutura.
Tripla Guarnição de Raios: Também conhecido como trançado de três varas, usa três trançadores simultaneamente. A técnica envolve passar o trançador mais à esquerda pela frente de duas estacas e por trás da terceira. É um método muito forte, usado para iniciar a subida das paredes da cesta e para criar bordas reforçadas.
A Estrutura da Cesta: Bases e Reparos
Toda cesta começa com uma base sólida. A escolha do tipo de base influencia não apenas a aparência, mas também a estabilidade e a função do objeto. Além de saber começar, um bom artesão também precisa saber como consertar pequenos problemas que possam surgir durante o processo, garantindo a durabilidade de seu trabalho de cestaria.
Tipos de Base para Cestaria
Base de Madeira (ou MDF): Consiste em uma placa sólida com furos nas bordas para inserir as estacas. É perfeita para iniciantes e para cestas que precisam de um fundo plano e estável, como bandejas e organizadores. Ela elimina a etapa complexa de tecer a base, garantindo um início reto e firme.
Base Trançada (Raios Cruzados): É a base tradicional, feita com as próprias fibras. Começa-se cruzando grupos de raios no centro e tecendo ao redor deles em espiral. É usada na maioria das cestas redondas e ovais, como cestos de roupa, criando uma peça totalmente integrada. Requer mais habilidade para ser mantida plana.
Soluções Práticas: Consertos e Emendas
Consertar uma estaca quebrada: Se uma estaca vertical quebrar, corte-a rente à base. Prepare uma nova estaca, afine a ponta e insira-a no trançado ao lado da antiga, empurrando-a para baixo para que fique firme. Depois, continue o trançado normalmente, incorporando a nova estaca.
Emendar o junco: Quando o junco trançador (horizontal) acabar, deixe a ponta antiga por dentro da cesta. Insira a ponta de um novo junco no mesmo espaço, sobrepondo alguns centímetros, e continue a tecer. A tensão do trançado manterá a emenda no lugar.
Mãos à Obra: Projetos para a Especialidade de Cestaria
A parte mais divertida de qualquer especialidade é colocar o conhecimento em prática. Para a Especialidade de Cestaria, os desbravadores devem criar três peças diferentes, aplicando as técnicas aprendidas. Cada projeto utiliza um método ou material distinto, garantindo um aprendizado completo.
Projeto 1: Bandeja para Lanches com Base de Madeira
Este projeto é ideal para aplicar o conhecimento sobre bases prontas e tecelagem vertical.
- Prepare os juncos, umedecendo-os em água morna.
- Insira as estacas verticais nos furos da base de madeira.
- Comece a tecer com uma técnica forte, como a tripla guarnição de raios, para firmar as estacas.
- Continue subindo as paredes com um trançado simples até a altura desejada.
- Finalize dobrando e trançando as pontas das estacas para criar uma borda.
Projeto 2: Objeto Simples com Base Trançada
Aqui, o desafio é criar uma base do zero. Um porta-lápis ou um pequeno cesto redondo são ótimas opções.
- Comece cruzando os raios da base (por exemplo, dois grupos de quatro raios).
- Use um junco trançador para travar a cruz e comece a tecer em espiral, separando os raios gradualmente.
- Quando a base atingir o diâmetro desejado, dobre os raios para cima para formar as paredes.
- Continue tecendo verticalmente e finalize com uma borda trançada.
Projeto 3: Descanso de Panelas em Ráfia
Este projeto foca na técnica de costura em espiral, usando uma fibra mais macia.
- Pegue um feixe de ráfia e comece a enrolá-lo para formar um pequeno círculo central.
- Com uma agulha de tapeçaria, “costure” o miolo para que ele não se desfaça.
- Continue enrolando o feixe de ráfia ao redor do centro, costurando a nova camada na anterior a cada volta.
- Trabalhe em uma superfície plana e continue até atingir 15 cm de diâmetro. Arremate a ponta de forma segura.